UFPE em debate: Universidade como espaço de resistência

Publicado em 07 de novembro de 2018 às 09h28min

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Começou na manhã desta terça-feira (6) o II Congresso UFPE em Debate. O evento, realizado pela ADUFEPE, levou 224 pessoas ao Auditório Newton Maia, do CTG, para a solenidade e a conferência de abertura com o geólogo Guilherme Estrela.

Ao som do Grupo de Violinos Sesc de Piedade, a solenidade teve início com a apresentação dos  jovens que trouxeram quatro peças musicais. A mesa de abertura foi coordenada pelo presidente da ADUFEPE, Edeson Siqueira, e recebeu a diretora da UNE, Danielle Vital; representando o PROIFES-Federação, o presidente do ADURN-Sindicato, Welington Duarte; o diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PE), Paulo Rocha; o presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB-PE), Helmiton Bezerra, e a vice-governadora eleita de Pernambuco, Luciana Santos.

No pronunciamento de abertura, o presidente da ADUFEPE relembrou a conjuntura pós-eleições e chamou a atenção para a importância da articulação de forças. “Vivenciamos uma situação de alerta máximo em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade, bandeira de luta histórica do movimento docente, dos estudantes e dos técnico-administrativos”, disse Siqueira.

Ele destacou ainda recentes ataques, como privatizações e cortes orçamentários, e ameaças como o crescimento de correntes autoritaristas e de extrema-direita, que vão de encontro ao projeto de universidade pública brasileira defendido por todos os professores. “Nesse momento, por terem garantidas suas autonomias didático-científicas, as universidades públicas passam a ser alvo de ações. Devido às suas capacidades de geração de conhecimento e pela sua inerente função de formarem cidadãos conscientes de sua cidadania e responsabilidade social, elas se contrapõem a um projeto de natureza antidemocrática”, continuou.

As demais falas reforçaram a necessidade de interação no cenário atual. “Nos colocamos ainda mais como resistência para defender os direitos do nosso povo e debater a universidade que queremos”, afirmou Ranielle Vital.

“Não é um momento fácil. Vivenciamos um retrocesso sem igual da democracia brasileira. As universidades passam por recuos orçamentários que podem piorar e devem voltar a ser espaços de resistência”, reafirmou Francisco Welington.

“Resistência é a palavra chave do momento. Não tivemos um debate de programa governamental durante o período eleitoral em que a marca principal foi, sem dúvida, o conservadorismo. Precisamos fazer o debate a cada agenda e buscar amplitude”, concluiu Luciana Santos.

Conferência de abertura

“Se continuarmos essa política aplicada desde o governo Temer, teremos perdido a grande oportunidade de ser um país soberano. Passaremos a ser meros exportadores e seremos saqueados por interesses não brasileiros”, essa foi uma das reflexões trazidas pelo geólogo Guilherme Estrella, na conferência de abertura do II Congresso UFPE em Debate, realizada na manhã desta terça-feira (6), no Auditório Newton Maia do CTG (UFPE).

Estrella é conhecido como o “pai do pré-sal”, pois foi diretor de Exploração e Produção da Petrobras e líder da equipe que encontrou a campo de Lula em 2007.  Modesto, iniciou a conferência rejeitando o rótulo. “Eu não descobri o pré-sal”.  Para o precursor, a camada é um dos mais importantes vetores de desenvolvimento do país, mas, com as recentes políticas, tudo muda.  “ O pré-sal cobria a lacuna para construção de um projeto de país autônomo, através de um processo extremamente equilibrado. A perda disso compromete um projeto de longo prazo, que poderia atender às nossas necessidades”.

Ele lamenta os retrocessos pois acompanhou muitos avanços na área. “A Petrobras  poderia dar segurança energética e mercadológica por 50 anos para o Brasil. Expandimos nas bacias de Sergipe, de Santos, onde encontramos o pré-sal”.

Uma das questões destacadas por Estrela é a retirada da operação única da Petrobras. “Com a entrega às empresas estrangeiras, o Brasil interrompe um projeto legítimo” lamentou, referindo-se a Lei sancionada em 2016, por Temer, que desobrigou a Petrobras de participar de todos os consórcios do pré-sal e alterou regras de exploração de petróleo na camada. “Não haverá inovação no país. Precisávamos ter desenvolvido um projeto quando tínhamos o monopólio da estatal”.

O regime de concessão para a exploração de petróleo do pré-sal, adotado após o impeachment de Dilma Rousseff, também foi citado pelo geólogo. No novo modelo regulatório, definiu-se como critério de decisão dos leilões, a parcela do petróleo excedente destinado à União, descontado o percentual da Petrobras (no mínimo 30%) e as taxações incidentes sobre a produção (royalties e impostos).

Apesar das críticas, Estrella é extremamente otimista sobre as potencialidades do país. Ele trouxe dados de um panorama mundial para contextualizar o potencial brasileiro. “O Brasil é o quinto maior território emerso do mundo, tem a maior área florestal do planeta e a maior biodiversidade. Possui as maiores reservas naturais do planeta e a matriz energética mais bem equilibrada”, informou o geólogo, que acredita na possibilidade de mudanças através do conhecimento.

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Fonte: ADUFEPE-Sindicato

ADURN Sindicato
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