Em entrevista, Wellington Duarte avalia atual estágio das negociações com o governo

Publicado em 18 de setembro de 2015 às 10h47min

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À luz da atual conjuntura política e econômica do país, o Conselho Deliberativo (CD) do PROIFES-Federação, se reuniu na última quarta-feira (16), em Brasília, para debater o atual estágio das negociações de Carreira e Salário com o Governo Federal.

Entre outras deliberações, o CD lançou nota em que repudia a proposta de Emenda Constitucional anunciada pelo governo, bem como o anúncio da não realização de concursos públicos.

Presente ao Encontro, o presidente do ADURN-Sindicato, Wellington Duarte, faz uma análise dos debates, do atual estágio das negociações com o governo e explica, em entrevista, as deliberações tomadas pelo PROIFES e os Sindicatos Federados.

Como foi a reunião do Conselho Deliberativo?

A reunião foi tensa, marcada pelo anúncio das novas medidas econômicas do governo que tiveram impacto imediato sobre as nossas negociações, na medida em que adiou o reajuste, que seria agora em janeiro de 2016, para agosto, o que significa mais oito meses de espera. Por isso a reunião do CD teve que se debruçar sobre essas medidas e de como elas interferem no processo de negociação.

E como está o processo de negociação?

Chegamos, para a Federação, ao nono mês de negociação, visto que em janeiro nós já tínhamos nos reunido com o então ministro da Educação Cid Gomes e apresentado a pauta que apresentamos ao governo em dezembro de 2014. Esse ano o processo, além da tradicional forma equivocada com o sindicato nacional conduz o processo, tensionando o ambiente desde o primeiro momento, tivemos a rápida deterioração, a partir de julho principalmente, do ambiente político e econômico, com reflexos imediatos no processo de negociação, que tomaram rumos acabaram por desembocar nesse momento de incerteza crescente.

O governo, em meio à tempestade que vem passando, tem tentado colocar sua pauta para o PROIFES-Federação, alegando muitas dificuldades de atender aos nossos pleitos, e a Federação tem repetido que a nossa categoria necessita que a remuneração tenha um patamar aceitável e uma carreira racional e lógica, coisa que não acontece hoje. Sempre temos colocado que a Federação tem flexionado, entendendo que há a necessidade objetiva de sair do impasse, mas que não podemos deixar de ter nossas demandas.

Há um horizonte para o término das negociações?

Acho que esse horizonte já está bem visível e não podemos deixar de ter em mente que à medida que o governo vai encontrando mais dificuldades políticas, menos espaço de negociação teremos. Creio que teremos que tomar decisões difíceis e duras, com toda a tranquilidade necessária, e expressá-las aos colegas professores, afinal fomos eleitos para isso, e não fugiremos da nossa responsabilidade.

As conversas têm ocorrido, de forma febril, com os interlocutores do governo e do parlamento, e não temos descanso em buscar o que for melhor e possível, dentro desse cenário conturbado, para a categoria.

Ao longo dos anos, de 2007 para cá, o PROIFES-Federação tem tido uma postura que a qualifica para buscar a melhor alternativa. Basta ver os resultados das negociações nesse período. Em todas elas o papel da Federação foi fundamental para que conseguíssemos, quando não grandes vitórias, evitamos maiores perdas para a categoria. Isso é um fato histórico, que está documentado e, por isso, nós do ADURN-Sindicato, parceiros do PROIFES-Federação, temos buscado colaborar da melhor maneira possível nesse processo.

E qual o cenário que o senhor pessoalmente tem desse processo?

Que estamos no fio da navalha, com as nossas possibilidades de sucesso encolhendo a olhos vistos, dada a situação política e econômica desse país. O que percebo é que as entidades sindicais que mergulharam numa greve que se arrasta há mais de três meses, deteriorando mais ainda nossa imagem junto à sociedade, parecem desconsiderar o cenário atual e buscam a radicalização crescente desse processo de negociação. E o que elas conseguiram efetivamente, a não ser recuar e estar diante da mesma situação que nós estamos? Qual foi o ganho efetivo com a radicalização e a greve do “fim do mundo”?

Não sou demagogo e nem desonesto em querer dizer para a categoria que teremos grandes vitórias, como apregoam os que, diante do descrédito, procuram fugir das suas responsabilidades com um discurso vazio e desconectado da realidade. O cenário é dificílimo e estamos lutando ferrenhamente para que não tenhamos grandes perdas e que possamos ter a nossa reestruturação da carreira.

Quais os próximos passos?

Segunda-feira, a Diretoria do ADURN-Sindicato estará reunida para avaliar o cenário e produzir um documento conjunto para a categoria dos docentes da UFRN, opinando sobre o mesmo e estabelecendo sua linha de ação nessa reta final. Manteremos a categoria informada com todos os recursos midiáticos que temos e estamos dialogando com todos os setores da academia nesse momento.

Lembro que, ao término das negociações a categoria será chamada para uma votação eletrônica nacional, que estará na página do PROIFES-Federação para decidir se aceita ou não o possível acordo com o governo.

ADURN Sindicato
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