Em entrevista, Presidente do ADURN-Sindicato fala sobre a crise enfrentada pelo País

Publicado em 12 de maio de 2016 às 17h13min

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Na manhã desta quinta-feira (12) a presidente da República, Dilma Rousseff, foi afastada do seu mandato, após decisão do Senado Federal. Como determina a Constituição, a presidente deverá ficar afastada de suas funções até a conclusão do julgamento do processo de impeachment pelo Senado ou por até 180 dias. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, Michel Temer.

Diante da crise política enfrentada pelo País, o presidente do ADURN-Sindicato, Wellington Duarte, concedeu entrevista à assessoria de comunicação da Entidade fazendo uma breve análise do atual momento e explicando como o Sindicato está se posicionando nesse contexto.

QUAL A SUA AVALIAÇÃO DO ATUAL MOMENTO?

Lamentável. Jogamos nossa democracia num limbo. A Constituição de 1988 foi rasgada e vivenciamos um Golpe de Estado de natureza nova, onde se construiu um arcabouço jurídico absolutamente incipiente para se tomar o poder. Foi uma quartelada parlamentar.

COMO O SENHOR VÊ AS ACUSAÇÕES QUE RECAEM SOBRE A PRESIDENTE?

Dilma Rousseff foi deposta acusada de ter assinado seis decretos suplementares que, segundo os acusadores, deram a conotação de “crime de responsabilidade fiscal”. O vice assinou nove. Todos os presidentes anteriores e dezesseis governadores, no atual mandato, já fizeram isso, portanto essa acusação é tosca sob todos os aspectos. Dezenas de constitucionalistas e especialistas em orçamento público já disseram isso.

E SOBRE O CAOS ECONÔMICO QUE A ACUSAM DE TER INSTALADO NO PAÍS? COMO ECONOMISTA, QUAL A SUA AVALIAÇÃO?

Como economista vejo que o chamado "caos econômico" se situaria na completa deterioração nas bases de acumulação do Capital, o que está longe de acontecer. O que estamos presenciando é uma forte retração dos investimentos públicos, causados basicamente pelo bloqueio da atividades ligadas ao petróleo e construção civil, que respondem juntas, por 23% do Produto Interno Bruto (PIB) e, diga-se de passagem, por imposição jurídica. Essa quebra nas cadeias produtivas deprimiu os investimentos privados, que também foram insuflados pelo posicionamento político das entidades patronais de que só haveria retomada desses investimentos com a queda do governo. Os pilares da economia brasileira continuam sólidos pois temos uma folgada Reserva Internacional, uma inflação que recua e uma Balança Comercial que tem tido superávits comerciais constantes. Portanto, não se sustenta a tese do "caos econômico".

E COMO O SINDICATO ESTÁ NESSA SITUAÇÃO?

Eu expus minha opinião como indivíduo. Como presidente de uma entidade plural, em que encontramos nas bases os vários matizes ideológicos, buscamos manter uma postura de defesa da democracia. Com essa bandeira, tivemos até aqui uma importante participação na Frente Brasil Popular. Participação essa que foi levada pela diretoria ao Conselho de Representantes do ADURN-Sindicato e nenhum conselheiro se indispôs contra isso.

Agora é um outro momento, por isso vou me reunir com a Diretoria e com o Conselho de Representantes para reposicionar nossa posição e consultarmos a categoria sobre a mesma.

E COMO FICA O REAJUSTE DOS PROFESSORES?

Ano passado fechamos um acordo com o governo em um reajuste, a ser pago em agosto desse ano e em janeiro de 2017, além de uma reestruturação de carreira, em duas parcelas, que nos daria um rendimento adicional. Vemos com muita preocupação que os sinais dados pelo interino é que haverá uma suspensão dos reajustes. Esperamos que isso não se concretize.

ADURN Sindicato
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