“O Future-se representa a destruição da universidade pública brasileira”, alerta ex-pró-reitor de planejamento da UFRN em debate

Publicado em 28 de julho de 2019 às 00h56min

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Consequência direta da Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos em saúde e educação por vinte anos, o programa Future-se, apresentado pelo Ministério da Educação no último dia 17, foi tema de debate promovido pelo ADURN-Sindicato, na Biblioteca Central Zila Mamede, nesta sexta-feira (26).

Com o auditório lotado, os professores João Emanuel Evangelista, Josué Vitor e Zéu Palmeira fizeram por cerca de duas horas uma intensa discussão sobre o projeto, que prevê a criação de um fundo soberano do conhecimento, de natureza privada, a ser negociado em Bolsa de Valores, modificando toda a essência do ensino universitário superior brasileiro. "O impacto que isso vai ter não é algo que devemos colocar em segundo plano ou desconsiderar. Nós precisamos colocar para aqueles professores que não se sentem atingidos com todo esse conjunto de ações que vem sendo feito desde maio de 2016, que absolutamente todos esses projetos estão alinhados: a Emenda Constitucional 95, a Reforma Trabalhista, a Terceirização Irrestrita, a Reforma da Previdência, a proposta de Reforma Tributária que está em curso e agora esse Future-se não são apenas coisas factuais, fazem parte de um grande projeto de destruição maciça", alertou o presidente do ADURN-Sindicato, Wellington Duarte.

“A universidade está diante de uma decisão extremamente importante para o seu futuro. A proposta do Governo Federal de buscar financiamento privado, para garantir a sustentação orçamentária da instituição, é algo que pode ser um divisor de águas na história da universidade brasileira, por isso a importância deste debate”, ressaltou o professor Joao Emanuel Evangelista, ex-pró-reitor de planejamento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Para o professor Zéu Palmeira, discutir o Future-se é mais do que discutir a universidade que queremos, é discutir a civilização que queremos. “É muito importante, em um momento em que as universidades estão de certa forma sangrando, em face do contingenciamento e também em razão das hostilidades que vêm sofrendo - seja por meio de ataques de ineficiência, ataques de falta de produtividade e uma falta de reconhecimento dos avanços que foram obtidos nesses anos - que se discuta aqui qual o papel do Future-se, como ele vai interferir na autonomia universitária e como as universidades e Institutos Federais irão atuar junto às Organizações Sociais nesse anteprojeto que foi apresentado recentemente”, disse o professor.

Atual pró-reitor de planejamento da UFRN, Josué Vitor, ressaltou que a proposta do Governo Federal não apresenta toda a clareza necessária, “pelo texto a gente realmente não consegue entender como é que o Future-se consegue trazer toda essa autonomia financeira, de gestão e governança, daí a necessidade de a gente ter que compreender o documento e realizar as discussões no âmbito da UFRN e nacional também”, afirmou.

De acordo com o pró-reitor, a universidade está se organizado de maneira a ter não apenas um debate interno, como também um debate coletivo, alinhado com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), para que se possa ter mais força nas propostas de alterações e melhorias dentro do projeto Future-se.

Para o professor João Emanuel Evangelista não há dúvidas: o Future-se representa a destruição da universidade pública brasileira. “Eu particularmente defendo a tese de que esse programa do governo na verdade é um primeiro passo para o processo de privatização das universidades federais e de rompimento absoluto com a soberania e autonomia das universidades. Então defendo a tese de que a UFRN não faça adesão ao o Future-se”, destacou o professor.

A necessidade da continuidade das discussões foi destacada pelo presidente do ADURN-Sindicato, Wellington Duarte, “vamos solicitar a reitoria que seja convocada uma assembleia geral universitária e que seja colocada essa discussão nos conselhos. É necessário que haja um amplo debate sobre isso para que todos os mais de dois mil professores que estão na ativa tenham a informação adequada. Vamos também solicitar a administração central que se crie um grupo de trabalho de professores, servidores e estudantes, para que possamos nos aprofundar neste tema que pode ser determinante para as próximas décadas nas universidades brasileiras”, afirmou o presidente.

O vídeo com o debate na íntegra está disponível AQUI 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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