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Publicado em 22 de outubro de 2009 às 16h34min
Tag(s): Diversos
Sem fundações de apoio à pesquisa, o cotidiano dos cientistas torna-se mais difícil: a compra de equipamentos e insumos fica mais lenta e burocrática, a contratação de pessoal especializado muitas vezes é inviabilizada por questões legais e o chefe da equipe tem que dedicar grande parte de seu tempo com a gestão burocrática dos recursos. Atribuições distantes da atividade acadêmica, tradicionalmente cumpridas pelas fundações de apoio.
Na sexta-feira, o Consuni decide as novas regras para o credenciamento de fundações
"Deixei de ser pesquisador para virar gerenciador", desabafa Ricardo Bentes de Azevedo, professor do Instituto de Biologia. Ele administra R$ 7,2 milhões captados junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) para pesquisas de novos tratamentos para tuberculose, pbmicose e cânceres de boca e de pele. "Sem as fundações, a qualidade da pesquisa cai", afirma. "O pesquisador tem de assumir responsabilidades que não fazem parte da natureza do trabalho dele".
Boa parte dos dias do professor Ricardo é gasto em peregrinações entre bancos, agências de correio e o setor de importação da UnB. O projeto capitaneado por ele envolve 40 pesquisadores de oito universidades brasileiras. As metas já estão atrasadas, porque os processos de compra demoraram mais do que o previsto.
O professor Antônio Teixeira, que leciona na Faculdade de Medicina há 34 anos, também destaca o papel das fundações. "Elas fortalecem a pesquisa, tornam os processos mais ágeis", opina ele, referência obrigatória quando o assunto é Doença de Chagas. Para justificar sua opinião, o professor Antônio Teixeira relata uma situação vivida no ano passado, quando teve de comprar em caráter de urgência duas microcentrífugas refrigeradas para o seu laboratório.
Lentidão
As microcentrífugas custam cerca de R$ 20 mil cada e servem para separar pedaços de DNA ou macromoléculas. "São aparelhos essenciais para a pesquisa que desenvolvemos. Sem elas, fomos obrigados a paralisar nosso trabalho", diz. Um dos aparelhos foi requisitado por meio da Finatec. O outro, pelo Decanato de Administração e Finanças (DAF). A Finatec entregou o equipamento em três meses. Já a administração da universidade levou cinco meses para responder ao professor que não havia caminho jurídico possível para se fazer a compra.
O professor Teixeira espera que as universidades ganhem maior autonomia, mas também quer que as fundações voltem a funcionar. "Para desenvolver o conhecimento, precisamos de opções, de caminhos", afirma. Ele diz que o mais importante é que as instituições respeitem o tempo do pesquisador. "Nosso trabalho tem enorme relevância social, a burocracia dos processos não pode detê-lo".
Contratação de Especialistas
Reinhardt Adolfo Fuck, professor do Instituto de Geociências (IG), aguarda com ansiedade o capítulo final da novela que se tornou o debate sobre as fundações. Seu convênio com a Petrobrás, no valor de R$ 3,4 milhões, está suspenso porque a Finatec não conseguiu o recredenciamento no Consuni. O projeto prevê a realização de estudos sobre o Lineamento Transbrasiliano, estrutura geológica que percorre o Brasil desde a fronteira com o Paraguai até o Ceará. A pesquisa depende da contratação de pelo menos 30 pesquisadores de campo. "Não estou certo de que os setores administrativos da UnB podem assumir o gerenciamento de um projeto deste porte. Sem fundações, a administração fica sobrecarregada", comenta.
O professor do IG lista prejuízos que a ausência de fundações traz à universidade. Um deles é a falta de corpo técnico. "As universidades enfrentam dificuldades para reter bons técnicos porque os salários autorizados em concursos públicos são muito baixos", relata o professor Reinhardt. "Quando conseguimos um projeto deste porte, é possível contratar, via fundações, profissionais especializados para nossos laboratórios", afirma. Apenas via fundações essas contratações de longo prazo, mas com tempo determinado, podem ser feitas de forma legal, com carteira assinada.
O professor José Eduardo Pereira Soares, também do IG, destaca que as perdas são principalmente acadêmicas. "Os recursos dos convênios permitem desenvolver os programas de pós-graduação, equipar os laboratórios e convidar palestrantes internacionais", afirma. "Sem as fundações, os caminhos para se conseguir isso são bem mais extensos e muito mais demorados".