Em entrevista ao Jornal da Educação, presidente do ADURN-Sindicato faz balanço da gestão, destaca acertos e celebra futura diretoria

Publicado em 11 de junho de 2021 às 14h58min

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Nesta sexta-feira (11), o presidente do ADURN-Sindicato, Wellington Duarte, concedeu entrevista ao Jornal da Educação, programa transmitido pela Rádio Universitária, em que falou sobre sua experiência à frente da presidência da entidade. Eleito em 2015 e depois reeleito em 2018, ele agora passará o bastão, no dia 17 de junho, para o professor Oswaldo Negrão, que recebeu uma expressiva votação de 95,7% dos votos para dirigir o Sindicato no triênio 2021-2024.

Na entrevista, Wellington comentou o momento desfavorável que a gestão do ADURN-Sindicato enfrentou nos últimos anos, com o golpe sofrido pela ex-presidenta Dilma Rousseff e as contrarreformas de Michel Temer, além da eleição de Jair Bolsonaro. “A grande luta do ADURN-Sindicato, junto ao PROIFES-Federação, foi a defesa da própria instituição. As universidades passaram a ser atacadas violentamente e continuam sendo, e aí o ADURN-Sindicato e a nossa gestão tiveram que sair em defesa da nossa instituição, porque a instituição faz parte da nossa vida”, afirmou.


O professor também destacou os avanços ao longo desses anos, como a modernização do Sindicato, que se tornou “atuante”, “percebido”, “propositivo” e que saiu “dos muros da universidade porque a universidade é parte da vida da comunidade”. Ele celebrou ainda as importantes iniciativas realizadas pelo ADURN-Sindicato, como o projeto “Na Trilha da Democracia” e o projeto “Diálogos”. “Nós estamos sempre interessados em fazer algo que melhore. Essa nossa busca é permanente”, ressaltou. 

Por fim, Wellington desejou sucesso à nova diretoria, que terá também a professora Isaura Brandão na vice-presidência. A diretoria do ADURN-Sindicato hoje é muito jovem. E a sua presidência, com certeza, continuará melhorando a qualidade do nosso sindicato”, afirmou. “Então, desejo muita sorte, muito trabalho e evidentemente que eu estarei apoiando o nosso futuro presidente”.

A seguir, confira a íntegra da entrevista realizada pelo jornalista Ednaldo Martins:

 

Professor Wellington, qual o balanço que o senhor faz da sua gestão à frente do Sindicato?

A nossa gestão enfrentou uma situação bastante desconfortável e desfavorável dada a própria conjuntura econômica. Nós começamos o nosso mandato em junho de 2015 com o Brasil já numa crise econômica muito forte, com instabilidade política muito grande. Essa instabilidade acabou levando à deposição da presidenta Dilma e a instalação e implementação de um modelo ultra liberal na presidência do senhor Temer. Então, a gente teve que enfrentar muitos percalços, muitas tomadas de decisões do Governo Federal muito ruins para os professores, péssimas para a universidade. É bom lembrar que foi no governo Temer que foram aprovadas a reforma constitucional da Emenda 95 (Teto dos Gastos), que eu chamo Teto dos Investimentos, né? E também a terceirização irrestrita e várias outras reformas, como a Reforma Trabalhista que acabaram tendo impacto na vida dos trabalhadores de uma forma geral, mas também impactos muito ruins dentro da universidade. Então, foram seis anos, eu diria, de imensas dificuldades, agravadas, evidentemente, pela ascensão desse governo reacionário, atrasado, com fortes tons de autoritarismo, né? Que acabou tornando a pauta dos professores absolutamente secundária. Porque, na verdade, a grande luta do ADURN-Sindicato, junto ao PROIFES-Federação, foi a defesa da própria instituição. As universidades passaram a ser atacadas violentamente e continuam sendo, e aí o ADURN-Sindicato e a nossa gestão tiveram que sair em defesa da nossa instituição, porque a instituição faz parte da nossa vida, nossa carreira acadêmica, nossa produção científica, tudo tá dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ela sob ataque, assim como todas as outras, todo o Sistema Federal da Educação, nós tivemos que fazer uma recomposição tática, uma flexão tática, para incluir na nossa pauta de luta sindical a defesa da UFRN. 

 

E qual o grande avanço que o senhor destacaria? 

Eu destacaria como grande avanço a própria democratização e modernização do sindicato. Nosso sindicato hoje é um sindicato respeitado, é um sindicato que traz várias ações modernas. Nosso setor jurídico é bem moderno, temos uma expertise muito grande, uma qualidade na ação jurídica muito grande. Nós temos um corpo de comunicação excelente, um corpo de funcionários muito bons, né? Prestativos. Eu diria que são um conjunto de ações e decisões que fazem esse grande avanço. O grande avanço, na verdade, foi a própria percepção da necessidade de transformar um sindicato de professores universitários num sindicato que fosse atuante, num sindicato que fosse percebido, um sindicato que interagisse, que fosse propositivo, que saísse dos muros da universidade porque a universidade é parte da vida da comunidade. Então, nós optamos na gestão, por ser um sindicato atuante. Nós somos hoje chamados para vários eventos, seminários na Assembleia Legislativa, na Câmara Municipal. Temos um bom contato com a Reitoria, com a ANDIFES e outras entidades. Enfim, nós somos um sindicato que avançou no conteúdo democrático, melhorando a sua qualidade de serviço, melhorando sua qualidade de atendimento jurídico e também nos tornamos um sindicato moderno politicamente, pois a nossa grande marca continua sendo o respeito à pluralidade de opiniões e a própria condução democrática, tentando fazer com que os professores sejam mais bem informados possível. 

 

Wellington Duarte durante evento na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte em 2019

 

Bom, estamos vivendo esse momento de pandemia onde os professores precisaram se reinventar. Professor Wellington, ficou mais difícil lecionar dentro dessa nova realidade?

Olha, Ednaldo, como presidente do sindicato, eu diria a você, e como professor que sou há 26 anos, eu diria que o professor ele se reinventa ou precisa se reinventar todos os dias. Quando ele vai pra sua sala de aula, em tempos normais e agora, nas aulas remotas, há uma necessidade intrínseca dos professores se reinventarem. O processo pedagógico, ele é constantemente renovado a partir das ações individuais, mas também a partir da iniciativa dos projetos pedagógicos dos professores e dos seus departamentos. O quê que o sindicato, na nossa gestão, onde atuamos nesse sentido? Olha, atuamos no sentido da proteção do professor na própria essência da academia. É bom lembrar que os professores durante um certo período de tempo foram atacados, a sua liberdade de cátedra foi ameaçada e nós tivemos que intervir em várias ocasiões para proteger esse sagrado direito da autonomia do professor em sala de aula, né? Eu acho que é bastante significativo essa nossa atuação no sentido de preservação da liberdade de cátedra. Eu acho que a questão do lecionar, obviamente, a pandemia trouxe grandes dificuldades. E eu diria que eu não acho que seja uma nova realidade. Eu acho que um professor ele deve olhar a realidade, assim como o sindicato deve olhar a realidade em que o professor está inserido. Cabe ao professor, junto com seus pares, fazer o melhor possível para fazer as adequações. Eu não diria adaptações, mas adequações necessárias para fazer frente ao novo ambiente. E ao sindicato, garantir que esse professor tenha a tranquilidade necessária para exercer sua profissão. 

 

Professor Wellington, a gente sente que o sindicato nos últimos anos adotou novas estratégias para estar mais próximo à categoria. Uma delas é o incremento na Comunicação e o Jornal da Educação é um exemplo. Fale sobre isso. 

A comunicação para nós é um elemento fundamental nos dias de hoje. Então, nós não podemos, de maneira nenhuma, desconsiderar isso e, por isso, nós não apenas decidimos em 2015 olhar a comunicação sobre um prisma mais moderno, mas também agir. É bom que a gente lembre a criação da Trilha da Democracia, que do ponto de vista sindical foi algo absolutamente revolucionário, né? Depois nós criamos um Projeto Diálogos junto com a Cooperativa Universitária. Participamos de dezenas de eventos e apoiamos dezenas de outros eventos dos professores, sempre com o apoio da nossa Comunicação. Criamos num primeiro momento a atuação junto a FM Universitária. Sim, nós somos parceiros da FM Universitária, nós temos agora o Jornal da Educação, jornal que eu considero bastante interessante, dinâmico, moderno, rápido, suave, que brinda o almoço do professor com informações. Mas não é só isso. Nós hoje estamos presentes em várias redes sociais. Estamos presentes no WhatsApp, estamos presente no Facebook, nós estamos presentes no Instagram, nós estamos presente no Twitter, né? Nossa página é atualizada diariamente, nós hoje temos um Whatsapp que mandamos mensagem diretamente para os professores. O setor jurídico agora tem o informe semanal que é enviado aos professores. Enfim, nós não nos sentimos à vontade. Nós estamos sempre interessados em fazer algo que melhore. Essa nossa busca é permanente, por isso que eu acho que a comunicação é fundamental, o Jornal da Educação é um desses elementos, mas eu acho que a próxima gestão poderá manter o alto nível que nós temos e até aprimorar, se for o caso, corrigindo nossas falhas. 

 

Diretores do ADURN-Sindicato recebem a Comenda Emmanuel Bezerra, homenagem àqueles que se destacam na luta pela defesa da democracia no estado, pelo projeto Na Trilha da Democracia. (2019)

 

Professor, podemos afirmar que a atual conjuntura política tem deixado a categoria mais unida? 

Falar sobre unidade, união da categoria em tempos de crise, em tempos de afastamento social, em tempos de grandes dificuldades, eu diria que é algo muito difícil. O que nós como administradores do sindicato, como presidente, como diretoria, tentamos fazer nesse ano, nesse ano dificil. É mais de um ano, né? Desde março que a Adurn fechou suas portas e inaugurou nova fase de atuação. Nós estamos buscando sempre trazer ao professor informações, trazer ao professor algo que possa fazer com que ele se sinta atendido nas suas demandas. É difícil, é complicado, mas ao longo dos seis anos eu acho que nós até fizemos alguns progressos, né? A nossa democratização interna tem sido fundamental. O ambiente em que as pessoas têm liberdade. Os gestores, os próprios professores, de demandar a nossa presença em reuniões setoriais, ela tem sido respeitada. Então eu acho que nesse sentido o processo de união eu considero em permanente construção. Eu diria que nós nunca vamos chegar aos 100%. Mas nós vamos sempre tentar chegar aos 100%.

 

A gente sabe que muitas vezes a categoria espera benefícios para se tornar sindicalizado e, muitas vezes, ter esquecido o real papel, a importância do sindicato. O que foi feito para conscientizar os professores nesse sentido? 

Olha, é muito simples. A gente diz aos professores, ainda existe bastante gente que não está sindicalizada, embora hoje nós tenhamos cerca de 82% dos professores aposentados sindicalizados e perto de 52% dos professores da ativa. O que eu diria a essas pessoas que ainda não se sindicalizaram é que olhem bem para o futuro das relações de trabalho. Hoje um dos poucos espaços onde o professor universitário pode exercer sua cidadania, pode demandar ações justas, ações que definam o seu ambiente de trabalho, suas relações de trabalho, é o sindicato. O sindicato mais do que nunca tornou-se um colchão protetor da cidadania dos professores. Então, por isso que eu acho que o papel real do sindicato é não apenas proteger o professor das intempéries que podem surgir nas suas relações com a Reitoria. Mas, é basicamente uma boa prestação de serviço, afinal de contas os professores também necessitam de uma série de serviços e nós estamos prestando esse serviço. Portanto, o professor hoje tem uma assessoria jurídica, o professor tem uma boa comunicação, o professor hoje tem dezenas de empresas conveniadas que lhe prestam serviço e o professor tem acima de tudo um sindicato moderno, ágil, um sindicato que dentro das condições em que vivemos se mantém bastante ativo. 

 

Campanha do ADURN-Sindicato sobre a Reforma da Previdência, em 2018

 

Professor, aqui vai uma pergunta até difícil de responder. Teve algo que o senhor gostaria de ter feito e não fez na sua gestão lá no ADURN-Sindicato? 

Agora eu não sei, eu acho que eu tentei. Eu acho que o mais importante de um presidente de um sindicato como o ADURN-Sindicato, é primeiro democratizar sua gestão. Nossa gestão foi sempre democrática, a diretoria funcionou sempre da maneira democrática. Democratizar, por exemplo, os fóruns internos, o Conselho de Representantes. Nós temos um bom diálogo com os professores do Conselho de Representante. Dar a total condição de trabalho para os funcionários. Nós somos hoje um sindicato que mantém um excelente corpo funcional, porque nós damos todas as garantias do bom trabalho. E eu acho que o que faltou ainda na minha gestão, nas duas gestões, eu acredito que é com relação ao aprimoramento da nossa capacidade política de interagir com os professores. Nós poderíamos ter feito algo mais, nós poderíamos estar hoje com 100% dos professores da ativa sindicalizada, entretanto, nós estamos com um pouco mais de 52%. Isso para mim, se não é negativo do ponto de vista do todo, quando olhando a situação e a conjuntura, eu acredito que eu saio com essa, como diria, essa tristeza. Mas eu gostaria de ter realmente conseguido fazer com que mais professores tivessem se sindicalizado.

 

Bom, professor, queria falar agora sobre a eleição que teve chapa única. Isso mostra que o sindicato está mais coeso? 

A eleição com chapa única, que é já é a segunda (em 2018 também foi chapa única) mostra que há na comunidade uma certa percepção da natureza democrática e da natureza ampla do nosso sindicato. Então eu não acredito que o fato de ser chapa única enfraquece a democracia. O fato de ser chapa única significa que o sindicato está cada vez mais sintonizado com os professores. Nós não estamos imunes a críticas, mas também nós entendemos que o tentar é importante. Nós tentamos a todo momento melhorar a nossa atuação. E acho que é por isso que houve, desde 2018, a chapa única. Lembrando que na primeira eleição, em 2015, a nossa chapa obteve 65% dos votos. 

 

Reunião de planejamento da diretoria do ADURN-Sindicato, em 2018.

 

Bom, professor Wellington, pra gente finalizar a nossa entrevista, vou deixar o espaço pro senhor falar aos docentes da UFRN sobre que se pode esperar do sindicato daqui pra frente. 

Eu acho que o professor Oswaldo é uma pessoa extremamente capaz, é um professor jovem. A sua vice, a professora Isaura Brandão, é uma professora também jovem, professora do NEI. São dois professores da nova geração com, talvez, uma percepção diferente da minha. Talvez com um olhar mais adequado ao novo momento. Eu acho que a nossa transição geracional, e devo dizer, meu caro Ednaldo, que uma das coisas que nós desejamos desde o início, desde 2008, quando o professor Bosco me chamou pra fazer parte da diretoria, era que o ADURN-Sindicato fizesse uma renovação geracional nas instâncias decisórias e consequentemente nós conseguimos isso. Eu acho que tivemos um sucesso. A diretoria do ADURN-Sindicato hoje é muito jovem. E a sua presidência, com certeza, continuará melhorando a qualidade do nosso sindicato. Então, desejo muita sorte, muito trabalho e evidentemente que eu estarei apoiando o nosso futuro presidente.

 

ADURN Sindicato
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