O relatório da CPI da COVID revela a face do Anjo da Morte

Publicado em 21 de outubro de 2021 às 13h16min

Tag(s): Opinião



Por Wellington Duarte, professor do Departamento de Economia da UFRN e diretor do ADURN-Sindicato

 

“Milhões deitados em seus
túmulos abarrotados
Jeitos repugnantes para realizar
O holocausto
Mares de sangue, enterrem a vida
Cheire sua morte enquanto ela queima
Dentro de você”.

(Jeff Hanneman, Slayer, 1986)

 

Em 1986 a banda de Metal, Slayer, lançava o disco “ Reign in Blood” (reinar em sangue, tradução livre) e sua música mais chamativa foi “Angel of Death” (anjo da morte), escrita e musicada pelo guitarrista da banda, o já falecido Jeff Hanneman. A letra, forte e bruta, se remete ao nazista Josef Mengele, um oficial alemão da Schutzstaffel (SS) e médico no campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial e que depois conseguiu fugir e instalou-se, furtivamente, no Brasil, onde foi “protegido” pela ditadura militar, morrendo de ataque cardíaco em Bertioga, litoral de São Paulo, no ano de 1979.

Esse preâmbulo deveria servir para que as pessoas tivessem a curiosidade de saber como um governo se mobilizou para matar mais de 600 mil habitantes do seu próprio país, aplicando a tática de fomentar mentiras, como o ministro da Propaganda nazista Joseph Goebbels, e usou toda uma população para implementar um método, o “tratamento precoce” e o produção de remédios inoperantes e perigosos, como a cloroquina, chegando ao cúmulo de permitir e endossar um experimento macabro, em Manaus, através de uma operadora de saúde, a Prevent Senior.

Os “anjos” da Morte, espalhados pelo país, sob a forma de jornalistas, médicos, juízes, advogados, comunicadores, youtubers, atletas, professores e outras profissões, marcaram esse macabro período da história desse país. A ação do líder desses “anjos”, o Mandrião, desde março de 2020 opera em todas as redes sociais possíveis, empurrando a população para a morte, sendo a nossa “câmara de gás”, a aglomeração, utilizando técnicas de desinformação e aproveitando-se da confusão instalada pelos seus asseclas. Milhares, por necessidade ou convicção, quebraram a regra básica de sobrevivência e se aglomeraram, sendo posteriormente visitadas pelo Anjo da Morte.

Os “mengeles”, instalados, vejam só, em muitos consultórios, empurraram remédios sem nenhuma comprovação científica séria, em nome da “liberdade profissional”, foram especialmente auxiliares do Anjo da Morte, na medida em que buscaram consolidar, nos seus “clientes”, a tese de uma saída falsa para uma doença fatal, cujo único modo de combater, naquele momento, era o isolamento social, já então sabotado por milhares de prefeitos, que abraçaram a tese do Anjo da Morte: era preferível morrer de COVID do que de fome. A escolha de como morrer, de fato, era diferente da não escolha dada aos judeus nos campos da Morte.

Esse Relatório da CPI da COVID é um documento que revela várias faces de um país deformado por um ruptura institucional (2016) e cuja elite, que sempre enxergou o povo como um estorvo, necessário em períodos eleitorais, ajudou na construção de um novo “espaço de poder”, onde um “liberalismo de proveta” foi, enfim, implementado no país, enfraquecendo a economia e os alicerces da política, que resultou na “anomalia Bolsonaro”, que mergulhou o país nas profundezas mais sombrias do reacionarismo.

Não deixa de ser estarrecedor ver a quantidade de agentes públicos se envolveram nessa guerra contra a vida, todos comprometidos com a Morte, contra seus eleitores, cidadãos. Agentes públicos que aceitaram a tática de assassinato em massa para que suas ideias nazistas fossem demonstradas empiricamente, ou seja, o BraZil se tornou um laboratório do nazismo versão tupiniquim, quem sabe olhada de perto pelos nazistas ucranianos, poloneses, húngaros e de toda a horda “trumpista”.

O Relatório da CPI da COVID é retrato claro e cristalino dos crimes cometidos pelo Mandrião, o Anjo da Morte, e sua caterva. Resta saber como a sociedade brasileira receberá esse conjunto de informações e como vai encarar o Exército da Morte.

ADURN Sindicato
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