Tecnologia da informação cresceu mais que a economia em 2009

Publicado em 11 de janeiro de 2010 às 13h08min

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O setor brasileiro de tecnologia da informação (TI) cresceu em 2009 "acima do que se poderia imaginar", disse nesta sexta-feira (8/1) à Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira das Empresas de TI e Comunicação (Brasscom), Antonio Gil. Dados preliminares divulgados pela entidade indicam que o setor cresceu acima da economia, mostrando expansão de 6% a 8%.
"O volume de faturamento também foi robusto", disse Gil. Ele estimou que somente o setor de TI, excluindo telecomunicações, deve ter faturado cerca de US$ 65 bilhões, "o que faz com que o Brasil seja, provavelmente, o oitavo maior mercado de TI do mundo". Incluindo telecomunicações, o faturamento do setor deve se aproximar de US$ 140 bilhões, "o que vai representar de 7% a 8% do Produto Interno Bruto (PIB)", que é a soma dos bens e serviços produzidos no país.
No que se refere às exportações, a Brasscom espera que as operações tenham alcançado US$ 3 bilhões, revelando incremento em relação aos US$ 2,2 bilhões exportados no ano anterior. Antonio Gil destacou, porém, que o crescimento "ainda é pequeno frente aos US$ 50 bilhões de exportação [de softwares, isto é, programas de computador, e de serviços de TI] da Índia".
Antonio Gil informou que a tendência do setor é se deslocar para o interior do país, em particular para o Nordeste. Locais como Recife, Salvador, Campina Grande e Fortaleza, além de Curitiba e o interior paulista, são atrativos. "A competência brasileira está totalmente difundida pelo país. Mas, no interior, existe um interesse muito grande de atrair empresas desse setor", afirmou.
Várias prefeituras têm procurado a Brasscom, interessadas em sediar empresas de TI. Para isso, oferecem benefícios, como redução de imposto de serviço e do Imposto Territorial Urbano (IPTU), "às vezes colocando facilidades à disposição das empresas que queiram se instalar ali. Então, você vai ter um grande desenvolvimento fora dos grandes centros do Rio de Janeiro e São Paulo, que são muito caros", acrescentou Gil.
Setor quer desoneração tributária para aumentar competitividade
Embora o governo tenha regulamentado em 2009 a Lei 11.774, que permite a redução da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por empresas brasileiras exportadoras de tecnologia da informação e comunicação (TIC), a Brasscom considera que ainda há muito a fazer na área tributária para elevar a competitividade do setor nacional.
"Isso representa, aproximadamente, uma redução de 10% a 15% da carga tributária para a exportação", informou o presidente da Brasscom, Antonio Gil. "Foi muito positivo e vai dar uma competitividade maior para as empresas brasileiras".
Ele afirmou, entretanto, que os custos da mão de obra nacional são muito altos e equivalem ao dobro do custo de países como a Índia, por exemplo. "Na verdade, a nossa capacidade em TI, que é reconhecida no mundo inteiro, é que vai nos ajudar a fazer ofertas diferenciadas porque em termos de mão de obra a gente não tem condições de competir", avaliou.
Uma questão crítica para a indústria está relacionada à legislação de terceirização que, segundo o presidente da Brasscom, cria passivos para as empresas. Outro problema é o aumento das alíquotas para seguro de acidentes de trabalho. "Era descontado 1% da folha e agora foi alterado, podendo chegar a até 6% da folha, dependendo do tipo de empresa. São ônus que atrapalham bastante o setor", disse Gil.
Ele lembrou que as oportunidades são grandes para o setor de TIC, tanto no mercado interno quanto externo. O campo com maior potencial de crescimento para o setor brasileiro é o de serviços financeiros, onde o país é o mais avançado do mundo, seguido pela indústria de distribuição e manufatura. O presidente da Brasscom afirmou que a qualificação do profissional brasileiro em TIC "é excepcional". O que falta no país "é escola e banda larga", disse. Atualmente, há cerca de 1,7 milhão de pessoas trabalhando nessa indústria no Brasil.
Antonio Gil reiterou a necessidade de que haja uma desoneração na parte do custo do trabalho. "Já houve parcialmente, por conta da regulamentação dessa lei, mas ainda não é suficiente". Para se ter uma idéia, disse ele, uma hora de trabalho de um profissional do setor de TIC no Brasil custa, em média, US$ 50. "Na Índia, custa US$ 20 ou US$ 30".
Gil assegurou que cabe à sociedade brasileira entender que a participação nacional no mercado externo de TIC é muito reduzida. "O mercado mundial de offshore (terceirização de serviços fora do país de origem) será de US$ 100 bilhões e o Brasil exporta apenas US$ 3 bilhões".
O presidente da Brasscom lembrou ainda que o mercado brasileiro atrai também empresas estrangeiras que querem se instalar no país para exportar serviços e por isso é preciso ampliar a competitividade. "Então, no mundo globalizado, com internet, se você não atacar, leva gol".

Jornal da Ciência

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