Disparo de arma de Milton Ribeiro traz urgência à CPI do MEC, diz senador

Publicado em 28 de abril de 2022 às 17h47min

Tag(s): MEC



Jean Paul Prates (PT-RN) reforça necessidade de comissão para investigar denúncias de desvios de recursos e também esclarecer à sociedade sobre quem é Milton Ribeiro, o pastor e ex-ministro da educação que carrega uma pistola

 
 
Arilton Moura MEC
O então ministro da Educação Milton Ribeiro com o também pastor Arilton, próximo de Bolsonaro,
investigado por tráfico de influência
 

São Paulo – O disparo de uma arma de fogo em posse do ex-ministro da Educação, o pastor evangélico Milton Ribeiro, no aeroporto de Brasília na tarde desta segunda-feira (25), reforça a urgência da abertura da CPI do MEC. É o que defende o senador Jean Paul Prates (PT-RN). “Precisamos de fato investigar o que aconteceu. Afinal, uma gravação de um ministro, que aliás esses dias deu tiro no aeroporto. Um cara que anda armado no Aeroporto. Uma pessoa completamente despreparada. Precisamos investigar quem é essa pessoa inclusive. O que ela fazia, como fazia. Geria a Educação do país dessa forma. Isto é urgente”, disse o parlamentar, durante reunião hoje (27) da Comissão de Educação do Senado.

O ex-ministro e pastor presbiteriano Milton Ribeiro carregava uma pistola Glock calibre 9 milímetros, com licença válida até 2025. A autorização para porte foi emitida em dezembro de 2020, cinco meses após assumir o comando do MEC no governo de Jair Bolsonaro (PL). Em depoimento à Polícia Federal, Ribeiro afirmou que ao abrir sua pasta de documentos, por medo de expor a arma publicamente no balcão, pegou a arma para separá-la do carregador “dentro da própria pasta”, momento em que houve o disparo. Uma funcionária da empresa aérea Gol, que estava em guichê próximo, foi atingida por estilhaços.

Pastores e a barra de ouro

Há um requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de desvios de recursos com anuência do então ministro, o pastor Milton Ribeiro, e participação dos também pastores evangélicos Arilton Moura e Gilmar Santos, que operariam um esquema de distribuição de recursos da pasta em troca de propina, cobrada inclusive em barra de ouro.

Os religiosos eram próximos ao presidente Jair Bolsonaro. Segundo a Folha de S.Paulo, ambos foram 45 vezes ao Planalto desde o início deste governo e, no mesmo período, 127 vezes ao MEC e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O órgão ligado à pasta é responsável pelo financiamento da construção e reforma de escolas, merenda escolar e materiais didáticos.

No entanto ainda faltam duas das 27 assinaturas necessárias para o andamento da instalação da CPI. Há duas semanas, um “esforço concentrado” do governo resultou na retirada de três assinaturas. A força tarefa incluiu principalmente a distribuição de recursos referentes a emendas parlamentares. Também houve ameaça de abertura de uma CPI para apurar obras que supostamente não foram concluídas pelos governos petistas.

“Eu não passo pano para obra inacabada. Agora este governo é inédito na humilhação, no desdém com a educação brasileira. Três ou quatro ministros sucedendo, os outros caóticos e esse desastroso. Isso precisa ser investigado. E pelo jeito, o instrumento que temos é a CPI”, disse Jean Paul Prates, referindo-se às faltas de pastores e prefeitos que foram convidados a prestar esclarecimentos à Comissão de Educação do Senado, mas que faltaram.

É o caso do prefeito de Centro Novo do Maranhão, Júnior Garimpeiro (PP), que patrocinou bíblias com foto de Milton Ribeiro. Sua presença era prevista na reunião de hoje do colegiado, mas não compareceu.

Fonte: Rede Brasil Atual
ADURN Sindicato
84 3211 9236 [email protected]