Tentativa de assassinato da Vice-Presidenta argentina Cristina Kirchner por homem neonazista deve acender sinal de alerta para a democracia de toda a região, incluindo o Brasi

Publicado em 02 de setembro de 2022 às 16h28min

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Foto: Divulgação - Facebook Cristina Kirchner

 

NOTA PÚBLICA

O atentado sofrido pela Vice-Presidenta da Argentina na porta de sua casa na noite de ontem (01/09/2022) representa, definitivamente, um marco no processo de deterioração do regime democrático de toda nossa região: o discurso de ódio propalado por setores da extrema direita politica em nossos países, tolerado e, não raro, repercutido por expressivos segmentos da grande mídia corporativa privada, fomenta ações tresloucadas de pessoas imbuídas de fanatismo político e/ou religioso. A rigor, esse tipo de comportamento é verificado mesmo para além de nossa região e se firma, infelizmente, como um triste sinal dos nossos tempos.

O autor do atentado, brasileiro de 35 anos, filho de mãe argentina e pai chileno, é motorista de aplicativo na Argentina e já é residente e radicado no país vizinho há mais de 20 anos. Reconhecidamente um militante de um neonazismo com matiz esotérico, ele publicava em suas redes sociais símbolos apropriados por essa corrente política da extrema direita e era tatuado em seu braço direito com o símbolo nazista do “sol negro”. É um seguidor de neonazistas que preconizam, desde pelo menos a década de 1980, a ação do que chamam de “águias solitárias”, defendendo o cometimento de ações violentas por “exércitos de um homem só” e “lobos solitários”.

Não temos dúvida de que a ação desses grupos políticos e dessas mentes doentias é fomentada, em grande medida, pela propagação do discurso de ódio que se tem atualmente no exercício da ação política. Na Argentina, assim como no Brasil, temos esse mesmo segmento social de extrema direita política fascista e, como também não podia ser diferente, a mesma condescendência de expressivos segmentos de nossa mídia corporativa privada. Na Argentina, líderes partidários da oposição do governo de Alberto Fernández, segmentos privados dos meios de comunicação e líderes empresariais proporcionaram a chegada dessa onda fascista em seu país. Assim como esses segmentos na Argentina, o grupo de comunicação brasileiro Jovem Pan começou a levantar suspeitas sobre a veracidade do atentado contra Kirchner.

É chegada a hora de enfrentar os oligopólios comunicacionais dos países de nossa região! Chega de fomentar essas práticas de violência política propaladas, quando não diretamente por ações, mas, sobretudo, fomentada por omissões, por esses grupos que se arvoram a se intitular de meios de comunicação de massa.

São criminosos e devem assim ser tratados. Urge, em todos os países da região, uma legislação de regulamentação desses setores da mídia corporativa privada. A extrema direita, não tenhamos dúvida, se alimenta e muito dessa condescendência que sempre tivemos com a confusão entre a liberdade de opinião e, efetivamente, a liberdade de quem dá essa opinião, forjando-a como consenso em nossas sociedades.

É fundamental ficarmos atentos com a segurança política da campanha eleitoral que entra em sua reta final, no Brasil, dos 30 dias restantes até o primeiro turno de nossas eleições gerais em outubro. Em especial, é de fundamental importância assumirmos o cuidado coletivo das nossas candidaturas populares, fundamentalmente a do ex-presidente Lula. A multidão e o número de seguranças de Cristina na hora do ato individual do criminoso não o impediram de seu cometimento. Ele não esperava sair vivo de sua ação. Que nos sirva de lição para o lado de cá da fronteira.

Fonte: CNTE

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