No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, o ADURN-Sindicato reitera a importância da informação e do acolhimento no combate ao adoecimento mental

Publicado em 09 de setembro de 2022 às 13h28min

Tag(s): Saúde



O dia 10 de setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, e há oito anos a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), têm organizado no Brasil o “Setembro Amarelo”. A iniciativa busca conscientizar a população sobre o adoecimento mental e a prevenção ao suicídio, e desta vez tem como lema “A vida é a melhor escolha!”.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária, câncer de mama, guerras ou homicídios. Os números reforçam a gravidade deste problema de saúde pública: em 2019 foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo; no Brasil, temos em média 38 pessoas tirando a própria vida diariamente – isso sem que levemos em conta a subnotificação de casos.

Fato é que quase a totalidade dessas mortes têm relação com doenças mentais como estresse, ansiedade e depressão, principalmente aqueles quadros não diagnosticados ou tratados incorretamente. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), entre os anos de 2018 e 2021, os afastamentos por algum tipo de transtorno mental representam de 23% a 30% do total de licenças registradas. Tais dados deixam evidente que o ambiente acadêmico não só não passa ileso ao adoecimento mental, como merece atenção e cuidado.

Para Vanessa Morais, mestre e professora de psicologia, não há como falarmos em adoecimento mental e/ou suicídio sem que atentemos para o contexto no qual estamos inseridos, “são questões complexas que estão na base da existência humana e que não podem ficar à margem do debate”. A especialista no tema destaca a produtividade e o desempenho cobrados pela sociedade moderna; a invisibilidade e o preconceito que rondam as populações em vulnerabilidade social; além da crise multifacetada enfrentada pelo povo brasileiro: “milhões de pessoas passando fome, sucateamento do SUS, altos índices de desemprego, pessoas sem moradia digna, sem acesso à educação de qualidade etc”.

Além de termos um governo avesso às políticas públicas capazes de modificar tal panorama, temos enfrentado, a mais de dois anos, um problema grave de saúde pública que atravessa a crise citada acima. Assim como Vanessa, Paula Brandão, professora do curso de Enfermagem da UFRN, destaca os impactos psicológicos decorrentes da pandemia da Covid-19, uma vez que se trata de um cenário que propicia o adoecimento mental e o sofrimento humano por nos aproximar do “medo da morte, da perda de pessoas queridas, da dificuldade de vivenciar o luto etc”. De acordo com dados da Fiocruz, estima-se que aproximadamente metade da população exposta a uma crise sanitária desse tipo pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica, caso não seja feita nenhuma intervenção de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados.

No que diz respeito ao ambiente acadêmico, Paula enfatiza que alunos, professores e funcionários passaram por “uma mudança muito radical em termos de tecnologia, de formas de ensinar e aprender e de rotina de trabalho”, o que gerou uma enorme pressão e, ao fim, “fez surgir novos tipos de adoecimento diante da sensação de urgência para a realização das nossas atividades”. Assim sendo, a docente alerta para a importância de se falar mais sobre o assunto como um caminho possível para que possam ser identificados “casos que não apareceriam se essas discussões não viessem à tona”.

“Na academia, o que me preocupa em especial, hoje, é o excesso de cobrança, a competição cada vez mais acentuada em relação a produção e desempenho. Precisamos de mais espaços para falar sobre o adoecimento e sobre o sofrimento mental, além de uma maior capacidade de empatia, acolhimento e escuta. Na UFRN já temos diversas ações nesse sentido, mas isso ainda necessita ser ampliado”, finalizou Paula Brandão.

Enquanto entidade de representação docente, o ADURN-Sindicato se preocupa e se dedica a cuidar do bem-estar dos professores e professoras em seu ambiente de trabalho. Oswaldo Negrão, presidente do Sindicato, se alinha às falas das especialistas no tema e reitera que o debate e esforço para prevenção do adoecimento mental e do suicídio precisam ser contínuos: “podermos contar com espaços de escuta e acolhimento é algo essencial e inegociável, afinal, como diz o lema da campanha deste ano, ‘a vida é a melhor escolha!’”.

Acolhimento na UFRN

O sofrimento mental leva a uma distorção da realidade e, para muitos, tirar a própria vida parece a única saída possível. Estar informado para ajudar ao próximo é a melhor forma de se enfrentar o problema. Para mais informações, acesse a cartilha “Suicídio – Informando para prevenir”

Na UFRN, existem iniciativas que trabalham a prevenção ao suicídio e acolhem estudantes, professores e funcionários. Veja abaixo algumas delas e o contato para esclarecimento de dúvidas.

- Programa de Acolhimento Psicológico do Serviço de Psicologia Aplicada (Sepa). Contato: [email protected]

- Projeto Acolher do Centro de Ciências da Saúde (CCS) realizado em parceria com o Departamento de Medicina Clínica (DMC) e o Departamento de Psicologia (DEPSI). Contato: [email protected]

- Programa de Acolhimento Psicológico da Divisão de Atenção à Saúde do Estudante (Dase) vinculada a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proae). Contato: [email protected]

ADURN Sindicato
84 3211 9236 [email protected]