Fome atinge quase 830 milhões em todo o mundo

Publicado em 14 de outubro de 2022 às 12h23min

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Foto: CartaCapital

A fome continua crescendo no mundo, e especialistas classificam o problema como “sombrio”. É o que diz um relatório do Índice Global da Fome (IGF), de autoria da organização não governamental alemã Welthungerhilfe (ajuda mundial para a fome), divulgado nesta quinta-feira (13/10).

O estudo indica que o número de famintos aumentou de 811 milhões para 828 milhões entre 2021 e 2022. E a tendência é crescer ainda mais, em consequência de crises recentes e atuais, como a pandemia de coronavírus, a guerra na Ucrânia e as mudanças climáticas, além de problemas estruturais.

“A guerra na Ucrânia continua a aumentar os preços globais dos alimentos, da energia e dos fertilizantes, e seguirá elevando a fome em 2023 e nos próximos anos. Crises geram problemas estruturais para a fome, como pobreza, desigualdade, má governança, infraestrutura [ruim], além de baixa produtividade agrícola” diz a ONG em seu site.

Para o levantamento de 2022, a Welthungerhilfe avaliou 136 países – sendo 121 deles com dados completos para as análises – com base em quatro categorias: subnutrição, mortalidade infantil, perda de peso infantil e atraso de crescimento infantil (relacionado à altura).

De um total de 828 milhões que sofrem com a fome, pelo menos 193 milhões enfrentam “fome severa”. Em 35 países, a situação da fome foi classificada como grave. Em nove, como muito grave. 

As maiores taxas estão no sul da Ásia e na África subsaariana. O Iêmen é atualmente a nação com o pior desempenho, com uma pontuação de 45,1 – sendo que, quanto mais próximo de zero, melhor a situação da fome no país. República Centro-Africana, Madagascar, República Democrática do Congo e Chade completam a lista com as piores estatísticas.

“Como mostra o IGF 2022, a situação global da fome é sombria. A sobreposição de crises que o mundo enfrenta revela as falhas dos sistemas alimentares, dos globais aos locais, e reforça a vulnerabilidade das populações de todo o mundo em relação à fome”, escreve a ONG. 

Fome aumenta também no Brasil
Na avaliação deste ano, o Brasil figura na 20ª posição, notando que países da Europa Ocidental e outros desenvolvidos como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão não estão incluídos no ranking. 

Segundo o estudo, o Brasil apresenta uma situação de “baixa gravidade” em relação à fome – ao menos em comparação com os países avaliados –, junto com vizinhos sul-americanos, como Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Colômbia.

Em outras nações próximas, como Venezuela, Bolívia e Equador, a situação já é considerada “moderada”.

Ainda assim, os gráficos mostram que a fome cresceu no Brasil entre 2014 e 2022, após uma queda acentuada principalmente nos primeiros 15 anos deste século. 

Em 2000, o Brasil aparecia com um índice de 11,4, ou seja, em situação “moderada”. Os números caíram para 7,1 e 5,0, respectivamente, em 2007 e 2014. Agora, voltou a subir, desta vez para 5,4.

Situação pode piorar até 2030
De acordo com o relatório, pelo menos 46 países não devem alcançar a meta de diminuir a fome e alcançar um patamar “baixo” para o problema nesta década. 

Segundo os especialistas, “sem uma mudança significativa” a situação deve se agravar em 2023, e, neste momento, não há projeções de que o mundo alcance um nível baixo de fome até 2030, conforme previsto na chamada Agenda 2030, traçada pela ONU e composta por objetivos de desenvolvimento sustentável.

As possíveis soluções apontadas no relatório do IGF passam pela transformação dos sistemas alimentares, bem como pela importância do papel que os governos locais desempenham em suas regiões, por meio de práticas de gestão de recursos naturais e métodos agrícolas e pecuários. 

“Em um sistema alimentar global que ficou aquém do fim sustentável da fome, é importante olhar para a governança dos sistemas alimentares em nível local, onde os cidadãos encontram formas inovadoras de responsabilizar quem decide pela resolução do problema da insegurança alimentar e nutricional”, argumenta Danielle Resnick, em um artigo incluído no relatório do IGF deste ano. 

 

Fonte: CartaCapital 

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