ADURN-Sindicato defende o direito à igualdade racial e se junta à luta no Dia da Consciência Negra no Brasil

Publicado em 18 de novembro de 2022 às 16h56min

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Através da Lei nº 12.519 foi instituído o Dia da Consciência Negra e Dia Nacional de Zumbi dos Palmares. Como o próprio nome sugere, a data faz referência à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, localizado entre Alagoas e Pernambuco, região Nordeste do país. A homenagem surgiu a partir de uma motivação dos  membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, alegando o líder como um símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil.

Desde a institucionalização o dia se tornou um marco, sendo mais uma forma de promover ações de combate ao preconceito e desigualdade racial. O Brasil dispõe de dados alarmantes quando se trata do acesso à educação, moradia e emprego por parte da população negra. De acordo com dados divulgados em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de pessoas pobres no país é maior entre os negros, com porcentagem de 34,5%. O dobro da proporção entre os brancos, que registra apenas 18,6% no índice. 

E quando se trata da taxa de emprego em cargos gerenciais, a porcentagem de pessoas negras é de 29,5%, enquanto a dos brancos é 69,0%. E os dados de homicídios evidenciam ainda mais a distinção por cor, trazendo a marca de 21,9 mortes por 100 mil habitantes negros e 11,5 mortes por 100 mil habitantes brancos. Números estes que escancaram a prática racista e discriminatória no Brasil. 

Essa falta de reconhecimento e valorização às pessoas negras aponta um descaso com a liberdade do indivíduo e uma antipatia com a igualdade estabelecida pela Constituição Federal de 1988. A Carta, inclusive, enfatiza em seu artigo 5º que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”. 

Mercês Santos, professora de Saúde Pública da UFRN, reiterou não somente a relevância da data, como também o exercício da liberdade que o Documente garante: "É um dia extremamente importante para o nosso povo negro. Porque representa a resistência, luta e liberdade. A possibilidade de sonhar ainda com a liberdade". 

Ronny Diogenes, professor de libras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), contou ter sofrido descriminação racial ao ser confundido com um servidor terceirizado, seu caso é um exemplo da desigualdade, sobretudo, na área acadêmica. “Então, ele me viu lá e achou que eu ia trabalhar também como terceirizado, não como professor”, detalhou o docente em entrevista ao ADURN-Sindicato sobre sua chegada como professor na universidade. 

Ronny hoje é docente, com especialização, mestrado e doutorado. É um dos poucos que dispõe de oportunidades como estas. Ele relatou, inclusive, que quando criança questionava sobre a cor da sua pele, tendo em vista a ausência de referências negras no seu dia a dia. “Eu não tinha professores negros. Eu só vim ter um professor negro no Ensino Superior. Então eu não tinha referências de pessoas negras. Todo mundo à minha volta em cargos de poder eram brancos e isso afetou muito a mim”, comentou o professor. 

Apesar de ter destacado o preconceito sofrido no começo, Ronny falou que já passou por situações bem piores ao longo de sua carreira profissional. “Aqui na UFRN eu enfrentei menos problemas do que eu já enfrentei em outras universidades, em outras instituições que eu já trabalhei. Eu percebo aqui um ambiente mais favorável. Aqui eu consegui ser ouvido, ser encarado como professor, não tendo tantos percalços quanto em outros locais que eu já trabalhei”, relatou. 

Para além da falta de referências negras em inúmeras áreas profissionais, a dificuldade em se aceitar negro e entender sua história está contida também no processo da infância, como aconteceu com Ronny.  “Eu já perguntei para  a minha mãe uma vez se tomasse um banho de leite eu ficaria branco”, disse sobre quando criança não entender o porque de não ter nascido branco, e sim negro. “Eu só vim me entender como negro depois que eu saí da adolescência e ingressei na vida adulta”, complementou. 

O docente enfatizou ainda que, atualmente, o principal desafio enfrentado, enquanto professor negro na universidade, é o de levar aos seus alunos a consciência acerca de sua cor e sua raça. Tornando possível, através do conhecimento, combater a omissão e o preconceito estrutural. 

O ADURN-Sindicato repudia veementemente qualquer tipo de descriminação ou preconceito, e se junta à luta do Dia da Consciência Negra em combate ao racismo e desigualdade no Brasil. 

ADURN Sindicato
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