Reitora bolsonarista da Ufersa intimida estudante que denunciou plágio: “Você vai me ressarcir todos os segundos de falta de paz”

Publicado em 25 de novembro de 2022 às 15h59min

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Ludmilla de Oliveira, reitora da Ufersa I Foto: reprodução redes sociais
 

“Você vai me ressarcir todos os segundos de falta de paz. A senhora vai me ressarcir tudo, tudo, tudo! Eu exijo tudo!”. Foi nesse tom intimidador que a reitora bolsonarista da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), Ludmilla de Oliveira, encerrou a reunião do Consuni (Conselho Universitário), realizada de forma híbrida com parte dos membros presentes e parte remota, na manhã desta sexta (25).

A fala foi direcionada à estudante do curso de Direito da Universidade, Ana Flávia Oliveira Barbosa de Lira, que representa os alunos da instituição no Conselho e que momentos antes havia dito ter feito, ainda em 2020, uma denúncia à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) pedindo para que a instituição averiguasse um possível plágio na tese de doutorado de Ludmilla.

Este mês, em um parecer encaminhado à Reitoria da UFRN, a Comissão de Processo Administrativo Disciplinar Discente (CPADD), montada para analisar o possível plágio cometido pela atual reitora da Ufersa, confirmou os indícios apresentados na denúncia e recomendou a penalidade de exclusão de Ludmilla da UFRN, o que implica na cassação do título.

Depois de Ana Flávia, a reitora da Ufersa, que também é a presidente do Consuni, demonstrou irritação diante da possibilidade de perda do título de doutorado:

“O que a senhora se acha? A senhora é apenas uma discente que tem uma matrícula na Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Primeiro vá estudar, vá concluir seu curso superior. Conheça seu lugar!”, começou Ludmilla, que continuou a intimidação diante dos demais membros do Conselho:

“Eu não plagiei tese, eu tenho minha consciência tranquila. A senhora vai pagar todos os segundos, todos os segundos, a senhora e quem fez isso comigo e minha família. Eu quero que fique registrado em ata porque eu não sou covarde. Venha dizer aqui presencialmente no Conselho, não fique atrás de uma câmera e não tire sua face daí não… conheça seu lugar de estudante, nem graduação a senhora tem pra questionar uma tese de doutorado”.

Antes da reitora começar a discursar, Ana Flávia havia citado um possível pedido de ressarcimento aos cofres públicos pelo acréscimo no salário pago a Ludmilla de Oliveira depois que ela adquiriu o título de doutorado. Para servidores públicos, a titulação implica em progressão de carreira e aumento na remuneração.

“Você vai me ressarcir todos os segundos de falta de paz. A senhora vai me ressarcir tudo, tudo, tudo! Eu exijo tudo! Todos os danos morais a senhora vai ter que ressarcir, tá certo? Então a senhora fique com isso, conheça seu lugar porque na justiça dos homens e de Deus a senhora vai pagar essa conta!”, declarou Ludmilla de Oliveira, que logo na sequência encerrou a reunião do Conselho, apesar de haver outras pessoas inscritas.

Recentemente, a Frente Nacional de Luta pela Autonomia e Democracia nas Instituições Federais de Ensino Superior, formada por reitores e vice-reitores não empossados de todas as instituições federais de ensino (IFEs), além de entidades sindicais e do movimento estudantil, encaminhou ao presidente eleito Lula, ao vice Geraldo Alckmin e ao professor José Henrique Paim, coordenador da área de educação na equipe de transição do novo governo, um pedido de revogação das intervenções do governo Bolsonaro nas nomeações dos reitores das Universidades Federais.

Atualmente, 20 universidades estão sob intervenção, tendo dirigentes, empossados na reitoria pelo governo Bolsonaro, que não foram eleitos pelas suas comunidades acadêmicas e que não ocupavam o primeiro lugar na lista tríplice. Uma dessas instituições é a Ufersa.

Ludmilla de Oliveira obteve 18,33% dos votos na eleição para a Reitoria da Ufersa de 2020 e ficou na terceira colocação, atrás dos professores Rodrigo Codes, o mais votado, com 35,55% dos votos; e Jean Berg, o segundo, com 24,84%. No entanto, ela foi nomeada para o cargo em agosto do mesmo ano, durante uma passagem relâmpago de Bolsonaro por Mossoró.

Fonte: Saiba Mais

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