Ato golpista de terroristas precisa ser trabalhado na escola para se entender a Constituição, defende pesquisadora

Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 10h20min

Tag(s): Constituição Federal Golpe



2023 01 16 site educa terrorismo 600 450

 

Os ataques golpistas aos Três Poderes da República, em Brasília, que trouxeram prejuízos milionários ao Brasil, com destruição de obras de artes e peças raras, precisam ser trabalhados dentro das escolas para que “gerações entendam o respeito à Constituição e a garantia dos direitos e dos deveres do cidadão e da cidadã” numa sociedade democrática.
Quem afirma é Maria Gabriela Marinho, professora da Universidade Federal do ABC que pesquisa a atuação das Elites Políticas e Culturais, da Direita e do Autoritarismo no Programa de Ciências Humanas e Sociais (PCHS-UFABC).

No último dia 8 de janeiro, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) depredaram e invadiram o Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto. Em publicações e vídeos nas redes sociais, os bolsonaristas terroristas quebraram com barras de ferro janelas, mesas, cadeiras e perfuraram obras de arte.

“O evento que assistimos no dia 8 de janeiro são, na verdade, a culminância de um processo que foi ganhando cada vez mais nitidez desde o golpe de 2016, até podemos retroceder um pouco mais, e chegar até as chamadas jornadas de junho de 2013, quando esses primeiros sinais estavam postos no nosso ambiente político”, analisa a professora Maria Gabriela.

Para ela, é preciso trabalhar a questão da educação nas escolas, falar sobre cidadania, dos direitos da Constituição e dos limites em que as instituições têm que agir. “Isso é fundamental para que a gente possa construir gerações que entendam exatamente o significado da sua atuação”, defende.

De acordo com a pesquisadora, grupos e movimentos sociais não podem se julgar acima da lei ou portadores de privilégios. “Como uma sociedade muito hierarquizada que somos, grupos e movimentos sociais que se julgam acima da lei, que se julgam portadores de privilégios, e não de direitos, devem ser punidos conforme a lei”.

Ela analisa ainda que esse movimento da extrema direita é um fenômeno que ocorre no mundo todo. “Ação criminosa da direita e, obviamente, não se manifesta somente no Brasil, é parte de um processo maior, que é da direita internacional, e tem a perspectiva desse sufocamento do Estado Democrático”, afirma. 

MEC vai abrir apuração contra reitor


O Ministro da Educação (MEC), Camilo Santana, vai abrir investigação contra Janir Alves Soares, reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais, por apoiar os atos golpistas que causaram destruição dos prédios dos três Poderes em Brasília.

Janir foi nomeado pelo ex-ministro Abraham Weintraub em 2019, apesar de ter recebido apenas 8% dos votos, porque sob Bolsonaro, o MEC fez uma política aberta de nomear como reitores pessoas alinhadas ideologicamente ao governo.

Nas redes sociais, o reitor acumula mensagens questionando os resultados das urnas que elegeram o presidente Lula e parabenizou, em vídeo, os terroristas que ocuparam os prédios em Brasília.

A professora completa ainda dizendo que a destruição de obras de artes é a destruição da inteligência humana. “Destruir a arte, o patrimônio histórico e as peças raras têm um significado simbólico muito poderoso, significa destruir a inteligência, significa destruir a possibilidade do contraditório, a possibilidade do debate e a própria política. A arte representa exatamente a superação, do ponto de vista da inteligência humana, dessa caracterização da barbárie”, continua.

Em nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e suas entidades filiadas repudiaram o vandalismo e os atos terroristas que ocorreram em Brasília.

Para a professora Maria Gabriela, “fortalecer a democracia brasileira é fortalecer o debate, a consciência, criar mecanismo para que cada vez mais parcela da população possa ser incorporada a esse debate político, que visa garantir a pluralidade e o avanço das pautas que incomodam essa direita extremada”.

Fonte: CNTE

ADURN Sindicato
84 3211 9236 [email protected]