Setembro Amarelo: docente reforça a importância do cuidado com a saúde mental

Publicado em 25 de setembro de 2025 às 15h13min

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Setembro é históricamente um mês dedicado à prevenção ao suicídio e à promoção da saúde mental. A campanha do Setembro Amarelo busca ampliar o debate e mobilizar a sociedade em torno de um tema importante e delicado. No ambiente universitário, essa discussão ganha ainda mais relevância diante dos desafios emocionais e estruturais que afetam docentes, servidores e estudantes.

Para a professora Sabrina Cavalcanti Barros, docente de Psicologia da UFRN campus FACISA, o Setembro Amarelo é um momento estratégico para ampliar o debate coletivo sobre saúde mental. “Entendo que esses períodos de reflexão, a exemplo do Setembro Amarelo, têm uma função importante, não só de conscientizar a população sobre o tema, que no caso aqui é o tema do suicídio, mas na direção de estimular um debate coletivo e de promover, sobretudo no âmbito das políticas públicas, ações combativas e preventivas na direção de uma mudança mais estrutural sobre aquela realidade”, explica. 

A professora lembra, no entanto, que muitas campanhas acabam tratando o adoecimento psíquico de maneira individualizada, sem considerar que a saúde mental também é atravessada por fatores sociais, econômicos e culturais. No ambiente acadêmico, esses fatores aparecem de forma ainda mais evidente.

Sabrina Cavalcanti destaca que a precarização do trabalho nas universidades públicas têm impacto direto sobre a vida de docentes, técnicos e estudantes: “Se olharmos para a literatura, vamos observar que a universidade tem enfrentado um processo de intensa precarização do trabalho. A redução de concurso público para ingresso de servidores efetivos acaba sobrecarregando quem ainda permanece ativo porque precisa lidar com o aumento do volume de trabalho. Os desdobramentos desses aspectos vão reverberar de uma maneira muito preocupante, não só na vida do servidor, mas também na vida dos discentes.”

Por outro lado, não basta oferecer ações paliativas. É preciso reconhecer a relação entre saúde mental e condições de trabalho como um fato e fortalecer políticas estruturais, como explica a professora Sabrina Cavalcanti: “O nexo causal entre trabalho e saúde mental precisa parar de ser tratado como hipótese e passar a ser tratado como um fato, uma realidade. Precisamos resgatar nossa identidade profissional como categoria e nosso fortalecimento se dá muito via os movimentos sindicais, porque falar de saúde mental é falar também de posicionamentos políticos, é falar também de lutas para uma sociedade mais igualitária, que vá repercutir isso no nosso dia a dia, no nosso cotidiano.”

Neste Setembro Amarelo, o desafio é transformar a conscientização em ações concretas. A universidade, como espaço de produção de conhecimento e de formação cidadã, contribui para essa luta, que envolve não apenas autocuidado, mas também políticas públicas, valorização profissional e a construção coletiva de um ambiente acadêmico mais saudável.

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