Mercado quer inovar, mas paga mal e investe pouco em pesquisa

Publicado em 27 de setembro de 2010 às 16h15min

Tag(s): Diversos



A carência de mão de obra especializada para os setores de tecnologia e desenvolvimento das empresas - principalmente do ramo de Tecnologia da Informação (TI) - deve ser entendida, também, como reflexo de uma remuneração inadequada oferecida pelo mercado aos profissionais mais qualificados. O alerta foi feito pelo professor Paulo Antônio Zawislak, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), durante o VII Seminário de Gerenciamento de Projetos, realizado pela divisão gaúcha do Project Management Institute (PMI), que se encerrou na sexta-feira.
O professor exemplificou com a tentativa de contratação de um especialista em nanotecnologia de polímeros, que terminou sem preencher a vaga porque a oferta salarial era de aproximadamente R$ 4 mil. "Um profissional desta qualificação não trabalha por menos de R$ 15 mil. As empresas que querem desenvolver conhecimento e inovar precisam estar preparadas para investir no profissional." A remuneração inadequada é, segundo ele, um reflexo da falta de hábito da indústria brasileira em investir em pesquisa.
Foi justamente esta falta de eco do setor produtivo que impediu a concretização do primeiro projeto de instalação de um Parque Científico e Tecnológico na Ufrgs. Passados 10 anos, a universidade voltou a projetar um centro, a ser instalado no Campus do Vale, em Porto Alegre. A previsão é que o primeiro edifício seja inaugurado em 2011. Para o professor, a resposta à falta de hábito das empresas de investir em inovação é a interação entre o mercado, o governo e as universidades - processo que se dá de forma mais efetiva nos parques tecnológicos, tema do debate em que participaram também o professor da Puc Roberto Astor Moscheta, o diretor de produtos do PMI, Craig Killough, e o ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Estado Júlio Ferst.
O professor Moscheta, do Tecnopuc, salientou que a inovação é, por definição, a geração de dinheiro novo, isto é, de formas diferentes de fazer negócio, baseadas em avanços do conhecimento. Para tanto, a chave são as pessoas. Para ele, a inovação é alcançada por um processo que inclui ações de estímulo por parte das lideranças e postura empreendedora por parte das equipes. Porém, as pesquisas mostradas por Moscheta apontam que a maioria dos executivos não sabe como incentivar a inovação, já que não há processo ou estrutura organizacional que leve a novas ideias de produtos e negócios.
Outra carência foi citada por Ferst. Ao relatar a experiência com os editais para concessão de incentivo fiscal de até 75% do ICMS incremental, ele observou que as empresas têm dificuldades para estruturar projetos de inovação e, principalmente, para demonstrar investimentos em pesquisa. "Apenas quatro empresas se cadastraram para receber a redução fiscal", afirmou.

Jornal do Comércio

ADURN Sindicato
84 3211 9236 [email protected]