Empresários ampliam bancada na Câmara e trabalhadores elegem 62

Publicado em 18 de outubro de 2010 às 16h32min

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Seja qual for o próximo presidente da República, os trabalhadores deverão ter dificuldades para aprovar suas propostas no Congresso. Embora o PT tenha eleito a maior bancada na Câmara Federal, 88 deputados, o número de representantes dos trabalhadores será bem menor do que o de empresários na próxima legislatura. Serão 169 empresários ante 62 sindicalistas. Os representantes do setor produtivo serão quase um terço do total de 513 parlamentares.
A bancada empresarial recém-eleita para a Câmara é a mais numerosa dos últimos 16 anos. O grupo ganhou mais 49 representantes em relação a 2006. O partido com mais empresários eleitos é o PMDB, com 32 deputados, seguido pelo DEM, com 28. O PT, partido mais numeroso na bancada sindical, elegeu sete empresários, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
O número dos deputados empresários é quase o triplo do que aqueles com ligação ao movimento sindical, apesar de a bancada sindicalista também ter aumentado, com mais sete deputados em relação à eleição passada.
Segundo Antônio Augusto de Queiroz, responsável pelo levantamento do Diap, a bancada empresarial cresceu não só numericamente, mas também qualitativamente. "O reforço empresarial veio muito do agronegócio e, com isso, também há um fortalecimento da bancada ruralista", diz Queiroz.
Entre os novos empresários eleitos estão Paulo César Quartiero (DEM-RR), líder dos arrozeiros envolvidos na disputa da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, e Irajá Abreu (DEM-TO), filho da senadora Katia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura.
Os empresários também se fortaleceram no Senado, com a eleição do presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto (PTB-PE), e de Ciro Nogueira (PP-PI).
Bancada sindicalista
Apesar de representar 12% dos novos eleitos, os sindicalistas ganharam reforços na Câmara e fizeram a maior bancada de sua história. Há 20 anos, foram eleitos 25 sindicalistas, menos da metade dos 62 eleitos nesta eleição.
Entre os representantes dos trabalhadores, o PT continua sendo o partido predominante, com 49 dos parlamentares eleitos (72%). A maior parte tem vinculação com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), como o deputado Vicentinho (SP), ex-presidente da central. O PDT, com representantes ligados à Força Sindical, elegeu apenas dois deputados dessa bancada.
Os sindicalistas são de diferentes categorias, como os metalúrgicos, professores, bancários e químicos. Entre os novos deputados federais estão a médica Jandira Feghali (PCdoB), o ex-prefeito e ex-reitor da Universidade Federal de São Carlos Newton Lima e Erika Kokay e Paulo Tadeu, ambos do PT do Distrito Federal, ligados à categoria dos bancários e dos eletrecitários, respectivamente. No Senado, além de Paulo Paim (PT-RS) e Inácio Arruda (PCdoB-CE), há quatro novos representantes do movimento sindical: Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), Walter Pinheiro (PT-BA), o ex-ministro José Pimentel (PT-CE) e o ex-governador Wellington Dias (PT-PI).
A correlação de forças entre as duas bancadas deve impactar discussões que estão na pauta das centrais sindicais, como a redução da jornada de trabalho, o fim da terceirização e a proposta de impedir a demissão sem justa causa.
Movimento sindical
Segundo o presidente nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes, este aspecto do resultado eleitoral é negativo para a agenda dos trabalhadores. “É uma péssima notícia. A composição no Congresso nunca foi muito favorável às reivindicações dos trabalhadores brasileiros e o resultado das eleições mostra que o movimento sindical deverá estar ainda mais preparado para intensificar as mobilizações e a luta pelos direitos da classe trabalhadora”.
Para o presidente da CUT, Artur Henrique, a diferença numérica entre as bancadas está relacionada ao custo das campanhas. "Há alguns anos os empresários estão não só investindo nas campanhas dos partidos, mas também estão lançando suas próprias candidaturas. Não há problema, mas a legislação favorece quem tem mais recursos. As campanhas deles custam dez, vinte vezes mais do que a dos trabalhadores", diz. "Só com a reforma política e o financiamento público reverteremos isso. "
Gomes explica que o financiamento não irá igualar as condições das candidaturas, mas vai contribuir para reduzir essas diferenças. “Não podemos permitir que os trabalhadores fiquem sempre na desvantagem. O financiamento público não irá igualar, mas vai conseguir diminuir as diferenças entre as candidaturas mais populares e aquelas que representam os empresários, bancários e latifundiários”.

CTB

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