Projeto repatria acervo com documentos da Ditadura Militar

Publicado em 15 de junho de 2011 às 10h45min

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Após a ousadia de reunir clandestinamente um extenso acervo sobre a Ditadura Militar no Brasil, nesta terça-feira (14) o projeto Brasil: Nunca Mais lançou sua versão digital em ato realizado em São Paulo. Na mesma solenidade, cerca de 4 mil documentos que haviam sido enviados ao exterior para escapar da repressão foram repatriados. Aproveitando a presença da Procuradoria República, servidores fizeram uma manifestação pela aprovação do plano de cargos e salários.
A idealizadora do projeto "Brasil: Nunca Mais" foi a advogada Eny Raimundo Moreira, homenageada no ato.
Entre 1979 e 1985, religiosos progressistas souberam que os processos da Justiça Militar poderiam ficar até 24 horas de posse dos advogados dos envolvidos. Assim, um grupo de advogados passou a fazer cópias secretas dos documentos. O material era então enviado de Brasília para São Paulo, onde era organizado por voluntários e enviado para o exterior.
Idealizado pela advogada Eny Raimundo Moreira, o projeto Brasil: Nunca Mais era realizado por um grupo de religiosos e advogados coordenados por Dom Paulo Evaristo Arns e pelo reverendo Jaime Wright.
O projeto nasceu com o intuito – exitoso – de evitar o desaparecimento de vários documentos durante o processo de redemocratização do país e tem como produto um livro homônimo. Atualmente, o Brasil: Nunca Mais está na 37ª edição. Lançado em 15 de julho de 1985, ele foi reimpresso mais de 20 vezes nos dois primeiros anos.
O trabalho sigiloso teve como resultado cerca de um milhão de cópias de documentos do Superior Tribunal Militar. Microfilmadas, as cópias foram enviadas para o exterior, sob os cuidados do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), para ficarem protegidas e escaparem da possível apreensão. 707 processos completos e dezenas de processos incompletos já fazem parte do projeto Brasil: Nunca Mais.
Repatriação
Nesta terça-feira (14), o Conselho Mundial de Igrejas e o Center for Research Libraries (EUA) entregaram cópias de seus acervos, que reúnem pelo menos 4 mil documentos mantidos no exterior, à Procuradoria-Geral da República, representada pelo subprocurador-geral da República, Aurélio Virgílio Veiga Rios. Essas cópias serão agora digitalizadas para compor o projeto Brasil Nunca Mais Digital. O conteúdo estará disponível na internet, através da página do Arquivo Público do Estado de São Paulo.
O Ato de Repatriação do Acervo do Brasil: Nunca Mais, realizado pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo, pelo Ministério Público Federal e pelo Armazém Memória, homenageou quatro personagens. O primeiro foi Dom Paulo Evaristo Arns, que enviou uma mensagem dizendo que não compareceria porque não merece homenagens. Lida a mensagem, o público o aplaudiu de pé durante alguns minutos. O segundo foi o reverendo Jaime Wright, que foi representado por sua filha, Delore Wright.
O terceiro homenageado foi o ex-secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vanucchi, que aproveitou a ocasião para pressionar as Casas Legislativas: “o Poder Legislativo não pode perder a chance de aprovar a Comissão da Verdade, pois já temos 22 anos de democracia consolidada no Brasil”, disse Vanucchi. A quarta e última homenageada foi Eny Raimundo Moreira, que pediu um novo aplauso a Dom Paulo Evaristo Arns: “Dom Paulo não está falando a verdade, ele merece todas as homenagens. Quero que ele receba este recado: o senhor foi aplaudido de pé duas vezes por este auditório”.
Manifestação
Do lado de fora do auditório da Procuradoria Regional da República, 3ª Região (São Paulo), cerca de 50 servidores aproveitaram a presença do subprocurador-geral da República, Aurélio Virgílio Veiga Rios, para reivindicar a valorização dos servidores e a aprovação do plano de cargos e salários. A categoria está mobilizada pela pauta em todo o país e nesta terça-feira (14) houve paralisação em São Paulo dos servidores da Procuradoria da República (PR) e da Procuradoria Regional da República (PRR).
Fonte: Portal Vermelho
 

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