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Publicado em 05 de dezembro de 2011 às 17h01min
Tag(s): Tribuna do Norte
Figura enigmática, adepta de meias palavras, frases curtas e divagações impregnadas por conhecimento (de causa), Jota Medeiros é a síntese de uma geração de artistas que vivenciou intensamente as próprias descobertas e a dos outros - uma turma sintonizada com o período pós-beatnik e pré-punk que acompanha de perto as principais transformações do mundo desde a Primavera de Praga em 1968 até os dias atuais.
A partir de um caldeirão de influências que inclui desde a poesia marginal, passando pela arte cinética e as vídeo-performances, até os bits que trafegam pela rede mundial de computadores, o artista plástico e poeta multimídia lança o livro "Na Tal Futurista" (Sebo Vermelho Edições), dia 6 (próxima terça), às 19h, na Galeria Conviv'art na UFRN. Nele, Medeiros relaciona os principais artistas da tal vanguarda que mimetiza a arte contemporânea em Natal - um grupo seleto, cuidadosamente selecionado por Medeiros a partir de uma pesquisa que retrocedeu até a conferência futurista proposta pelo jurista Manoel Dantas em 1909.
"É um livro de textos sobre arte e artistas de Natal, escritos por mim e publicados na coluna mantida por Vicente Vitoriano [artista, professor e crítico de arte] sobre artes visuais, inclusive há um texto de Vitoriano no livro sobre Navarro", disse Medeiros, que buscou evidenciar perfis relevantes para se entender as conexões que possibilitaram o desembarque da Arte Moderna na capital potiguar.
Nas 150 páginas do livro, ilustrado com imagens coloridas de reproduções de obras dos artistas listados, Medeiros apresenta um panorama sincrônico das artes visuais norte-riograndenses; e traça paralelos que colocam lado a lado nomes importantes que contribuíram e contribuem para a construção do que é hoje a identidade das artes visuais no RN como Erasmo Xavier, Dorian Gray Caldas, Newton Navarro, Falves Silva, Sayonara Pinheiro, Flávio Freitas, Anchieta Rolim, Novenil Barros, Ilkes Rosemir, Marcelus Bob e Guaraci Gabriel, entre tantos outros igualmente importantes.
Como resultado, "Na Tal Futurista" é um mosaico construído a partir de poesia visual, arte postal, poema processo, esculturas, experimentos geométricos, info-arte, vídeo-arte, e quantas vertentes mais se enquadrarem no contexto. A coleção de verbetes é tratada com a peculiar dosagem de humor e meta ironia de Medeiros.
INCONSCIENTE COLETIVO
Apesar de ser vista até hoje como província, uma "fazenda iluminada" como diria Câmara Cascudo, Natal tem algo de cosmopolita nas relações que interligam o inconsciente coletivo da cidade com o que acontece no restante do mundo em termos de vanguarda nas artes visuais. Medeiros exemplifica essa conexão com o "primeiro salão de Arte Moderna de Natal, realizado no início da década de 1950 por Dorian Gray, Nilton Navarro e Ivon Rodrigues, coincidir com a menção honrosa recebida pela obra 'Parede Cinecromática' de Abraham Palatnik na primeira Bienal de São Paulo".
Tido como um dos principais multiplicadores da produção cultural de vanguarda em Natal, Jota Medeiros também chama atenção para um detalhe no mínimo curioso sobre o ponto de partida cronológico de sua obra: "Tanto na conferência realizada em março de 1909, quanto no lançamento do manifesto futurista no Brasil publicado em junho daquele mesmo ano no jornal A República, Manoel Dantas cita a construção de uma ferrovia ao redor do mundo. Esse mesmo assunto também está presente no segundo manifesto publicado um mês depois (em julho de 1909) pelo pensador italiano e criador do futurismo italiano (Filippo Tommaso) Marinetti. Acho incrível essa informação, uma tremenda coincidência, pois naquela época a comunicação não era tão fácil como hoje", atentou o autor.
"Na Tal Futurista" já chega às prateleiras como raridade, pois foram impressos apenas 300 exemplares que serão vendidos a R$ 40 cada. Jota Medeiros também lançou a plaquete "O perfil da civil geometria" em homenagem a João Cabral de Melo Neto e Zila Mamede, e "Geração Alternativa" em 1995.
Medeiros é curador do Museu virtual Abraham Palatnik
Inquieto como todo entusiasta que procura evidenciar ao máximo o assunto ao qual se dedica, Jota Medeiros também é curador, crítico de arte e vem apostando há seis anos no Museu de Arte Abraham Palatnik - projeto cuja coordenação é compartilhada entre Medeiros, Vicente Vitoriano (artista plástico e professor do Departamento de Artes da UFRN) e Elidete Alencar (do Núcleo de Arte e Cultura NAC/UFRN). A proposta de criação do museu está em consonância com a iniciativa da Universidade Federal em criar um Centro de Memória.
O acervo, segundo Jota Medeiros, é formado pelas cerca de 300 obras de arte da UFRN já catalogadas e as mais de nove mil obras do acervo multimídia (arte postal, vídeo-arte, documentos, textos, cartas, info-arte, reprografia), de Jota Medeiros, este ainda em fase de catalogação. "Por enquanto, estamos trabalhando na construção de um espaço virtual (www.natalnet.br/palatnik) para as pessoas já conhecerem parte dos trabalhos", adianta Medeiros, que não soube informar quando o prédio para abrigar o museu será construído. De concreto, por enquanto, apenas o plano de ampliar o Centro de Convivência da Campus Central da UFRN - "acredito que é aí que o museu estará inserido", acredita.
O projeto do museu foi lançado oficialmente durante a Semana a Cientec deste ano, realizada no mês de outubro passado, e em 2012 o próprio Abraham Palatnik (potiguar radicado há décadas no Rio de Janeiro) confirmou presença no evento. "Palatnik está para a contemporaneidade assim como Leonardo da Vinci está para a Renascença, então a homenagem é mais que justa", garante Medeiros.
Sebo Vermelho reedita obra de Anchieta Fernandes
Perto de completar quatro décadas desde a publicação do primeiro ensaio teórico e analítico sobre os quadrinhos produzidos no Rio Grande do Norte, Anchieta Fernandes relança pela Sebo Vermelho Edições seus três primeiros trabalhos sobre o tema neste sábado, das 9h às 12h, nas dependências do Sebo Vermelho na av. Rio Branco, 705 - Cidade Alta.
Sugestivamente intitulado "Ler Quadrinhos, Reler Quadrinhos RN", o livro republica fac-símiles de "Desenhistas Potiguares - caricatura e quadrinhos" (1973), "Do Pererê ao Quadrinhos Norte-riograndenses" e "Literatura e Quadrinhos" (1976), e refresca na memória o marco inicial da criação do Grupehq (Grupo de Pesquisa de Histórias em Quadrinhos), coletivo pioneiro que marcou época ao encarar as HQs como assunto sério.
O título é obra obrigatória para quem busca montar o quebra cabeça que faz Natal a mais cosmopolita das província nordestinas no quesito arte de vanguarda.
Jornalista, cinéfilo, artista e poeta, Anchieta Fernandes também é citado no livro "Na Tal Futurista de Jota Medeiros" por ser um dos protagonistas na fundação do movimento que ficou conhecido como Poema/Processo, desencadeado em 1967 paralelamente em Natal e no Rio de Janeiro.