Na vida, no trabalho e no movimento sindical: CUT relança campanha de Igualdade de Oportunidades

Publicado em 28 de junho de 2009 às 13h23min

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Escrito por Ana Paula Carrion
A CUT, através da sua Secretaria Nacional sobre a Mulher Trabalhadora lançou, ontem (17), a nova edição da campanha “Igualdade de Oportunidades na vida, no trabalho e no movimento sindical”, durante a realização da reunião da Direção Nacional, que acontece em São Paulo até hoje. O relançamento da campanha foi aprovado no ano passado, durante a 12ª Plenária Nacional da CUT. A primeira edição ocorreu no período de 1995/2003 e foi desenvolvida pela então Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora.
“A realidade da mulher no mercado de trabalho ainda é muito desigual com relação aos homens, exemplo disso, é que em momentos de crise são as primeiras a serem demitidas. Além disso, são as principais responsáveis pelos filhos e casa, sem que haja um compartilhamento de responsabilidades. O relançamento desta campanha vem definir nossas ações nesse enfrentamento além de priorizar o recorte de gênero em todas as instâncias", salientou Rosane Silva, secretária nacional sobre a Mulher Trabalhadora, que falou ao Portal do Mundo do Trabalho.
Portal:
Qual é o principal objetivo da Campanha?
Rosane: O principal objetivo é denunciar as desigualdades entre homens e mulheres e avançar para que a superação aconteça em todos os níveis: na sociedade, no mercado de trabalho e no movimento sindical. Segundo dados do relatório do Desenvolvimento Humano da ONU, as mulheres representam 70% da população mundial que vive em situação de miséria absoluta; a jornada de trabalho total (incluindo o trabalho doméstico) é, aproximadamente, 13% superior a dos homens; recebem, em média, 30% menos que os homens e persistem elevadas diferenças por sexo e raça dentre o total de desempregados/as.
Portal: Como surgiu a proposta de uma campanha específica sobre o tema?
Rosane: É perceptivo que as trabalhadoras são mais impactadas com as transformações no mundo do trabalho, pela flexibilização, e pela alta rotatividade, o que contribui para ampliar sua presença no mercado de trabalho informal, à domicílio e em tempo parcial. A falta de investimento público na garantia de creches e escolas em tempo integral dificulta ainda mais a permanência das mulheres no mercado de trabalho. Soma-se a isso, a falta de compartilhamento das responsabilidades familiares e de cuidado é outra condicionante para as dificuldades. Se olharmos para o interior do movimento sindical perceberemos que as mulheres ainda têm pouco acesso à cargos de poder e são alvo de preconceito sexista. Todos esses fatores nos levaram a relançar a Campanha por Igualdade de Oportunidades.
Portal: Quais os principais eixos da campanha?
Rosane: Como dissemos, a campanha será desenvolvida em três âmbitos: na vida, no trabalho e no movimento sindical. Na vida vamos trabalhar com ações junto à sociedade civil e governos – Federal Estaduais e locais. Trataremos os diversos aspectos de discriminação contra a mulher recorrentes na sociedade – caso da criminalização do aborto, da ausência de creches e da necessidade de políticas públicas e com definição de prioridades por parte dos governos no combate a todas as formas de discriminação, da violência e na implementação de políticas de Estado que venham no sentido da reparação e da igualdade entre homens e mulheres. No mundo do trabalho nosso eixo principal será a luta por salário igual para trabalho de igual valor articulado com mudanças no momento da contratação. No âmbito do movimento sindical vamos batalhar para garantirmos uma maior presença das mulheres nas direções e nos diversos espaços de poder. Queremos garantir a presença das mulheres e da temática de gênero nas mesas de negociações, na presidência dos sindicatos, confederações e CUTs. Nosso grande desafio é que as mulheres deixem de ser coadjuvantes e tornem-se referências em todos os espaços de poder; queremos que a cota seja o mínimo e não o máximo em nossas instancias.
Portal: Como será a atuação da CUT para que a campanha se efetive como uma ação nacional?
Rosane: O engajamento do conjunto da CUT, do Coletivo Nacional de Mulheres, das CUT´s Estaduais, da Confederações/Federações e de cada Sindicatos CUTistas será fundamental para que a Campanha esteja presente e seja implementada em todo país. Realizaremos lançamentos estaduais/regionais da Campanha, com debates e oficinas sobre seus eixos principais. Além disso, teremos um espaço permanente de divulgação da Campanha, nos jornais e página da CUT Nacional e Estadual. Também pressionaremos o Poder Executivo para encaminhar ao Congresso Nacional a ratificação da Convenção 156-OIT, o mesmo faremos junto ao Congresso Nacional para aprovação da ratificação da mesma. Outra estratégia é construir proposta para políticas públicas com objetivo de ampliar as creches públicas no campo e na cidade e garantir a implementação do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres que tem como meta ampliar em 10% as vagas em creches até 2011.
Portal: Como a Campanha interage com os outros movimentos sociais?
Rosane: Principalmente no eixo que enfoca a igualdade de oportunidades na vida, a unidade com os movimentos sociais, especialmente os movimentos de mulheres, será fundamental. Defender uma sociedade de fato justa passa por defender mudanças na situação das mulheres, e é por isso que no processo de desenvolvimento da Campanha, certamente teremos muitas bandeiras em comuns com diversos movimentos sociais.
Portal: E como ela se relaciona com as outras campanhas nacionais da Central?
Rosane: Um dos pontos da Campanha é justamente a questão da garantia da transversalidade de gênero em todas as ações e campanhas da CUT. O lançamento da Campanha já aponta este sentido. Faremos junto com o lançamento da Cartilha de combate à terceirização, medida que impacta de maneira diferenciada e negativamente as mulheres.Somos metade da classe trabalhadora, sendo assim, a política de gênero deve fazer parte do cotidiano do movimento sindical e não somente das mulheres. O movimento sindical só se tornará realmente representativo quando as mulheres forem incluídas neste processo.

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