Na Espanha, estudar rende mais do que investir

Publicado em 18 de setembro de 2012 às 10h21min

Tag(s): Internacional



Investir em educação não só aumenta o bem-estar dos cidadãos e a produtividade de um país, como, de um ponto de vista econômico, oferece um balanço positivo. É o que afirma o primeiro informe do Observatório sobre Capital Humano do BBVA, apresentado em Madri, ao assinalar que o Estado recupera assim quase todo o investimento – 90% - que destinou à formação dos alunos.
Ángel de la Fuente, coordenador do estudo e membro do Instituto de Análise Econômica do CSIC, afirma: “Estudar é mais rentável para o aluno do que investir em ativos financeiros”. E justifica da seguinte maneira: um cidadão que possua uma carteira de investimentos na qual metade dos títulos sejam bônus do Estado e a outra metade ações do mercado variável, obteria uma rentabilidade anual de 3,2% do capital investido, sempre usando como referência a média da Bolsa espanhola.
Em compensação, se o dinheiro se destina a formar um bacharel, universitário ou titular de formação profissional, a rentabilidade seria de 7%. Para calcular essa porcentagem, os autores do estudo, o citado Ángel de la Fuente e o chefe da divisão de pesquisa do Banco da Espanha, Juan Francisco Jimeno, consideraram a média salarial desses graduados, sua contribuição para o fisco e a economia no desemprego.
Em sua opinião, também acaba sendo rentável prorrogar um curso com aulas optativas, pois ao se aumentar o investimento, também se aumentam todos os parâmetros citados: “Cada ano que se acrescenta ao sistema de ensino multiplica as possibilidades de um aluno de encontrar um emprego e conseguir melhores salários, ao mesmo tempo em que reduz os gastos públicos que esse aluno geraria ao Estado no futuro, já que pagará mais impostos e receberá menos parcelas de seguro-desemprego.”
O pesquisador Ángel de la Fuente também ressalta que o benefício seria ainda maior se a Espanha conseguisse reduzir os índices de fracasso escolar: “O custo desse fracasso gera em média cerca de 60% do gasto direto do setor público no sistema de ensino. As repetências de curso e a evasão escolar aumentam entre 30% e 63% o tempo necessário para aprovar um curso acadêmico, com o consequente aumento dos custos no ensino”, garante.
Rafael Domenech, chefe de Economias Desenvolvidas do BBVA Research, acrescentou que nas high schools anglo-saxãs os dados sobre a rentabilidade futura, tanto em nível social quanto particular dos estudos, se explicam aos alunos como mais um conteúdo das disciplinas. Em alguns casos, como uma matéria em si e em outros de forma transversal, “mas os estudantes entendem que se estudarem terão melhores salários e devolverão mais à sociedade do que esta investiu neles”.
Conscientizar-se dessa realidade, segundo Domenech, aumenta o rendimento escolar. Por essa razão, lamentou que na Espanha não se contemple de maneira regrada tal possibilidade. “Foi comentado em uma ocasião com pessoas de responsabilidade educacional nas comunidades autônomas, mas não passou disso”, comenta.
E acrescenta: “Infelizmente, porque em economias emergentes como a da Índia ou da China foram implementadas essas explicações em seus institutos e universidades, e pôde-se comprovar que aumenta o rendimento acadêmico e a responsabilidade dos alunos como futuros integrantes do mercado de trabalho”.
Fonte: UOL Educação
 

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