Reitor propõe deixar mudanças para o vestibular 2011

Publicado em 28 de junho de 2009 às 13h23min

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Conselho discute novas regras para vestibular
O reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, professor Ivonildo do Rego, confirmou que já amanhã, dia 17, o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consep), formado por 60 membros – alunos, professores, servidores e órgãos externos - começa a discutir a unificação do vestibular nos moldes propostos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Segundo ele, o debate deve continuar na próxima semana com os coordenadores de cursos e chefes de departamentos, enquanto a posição da UFRN será levada para a próxima reunião no MEC, no dia 28 e 29 deste mês, durante a realização do Seminário dos Reitores das Universidades Federais.
“O que estamos discutindo é a maneira como operacionalizar, isso porque temos de ter uma segurança muito grande”, diz Rego, lembrando que isso pode incentivar a fraude: “Nossas pessoas são altamente treinadas e não tivemos  recentemente nenhuma noticia de burla”, completou.
Como o senhor está avaliando as mudanças no vestibular com a unificação proposta pelo Ministério da Educação?
Estamos acompanhando essa discussão e participando ativamente dela, na segunda-feira da semana passada nós tivemos a tarde toda de reunião dos reitores das universidades federais com o ministro Fernando Hadad, com o objetivo mesmo de discutir a proposta e contribuir para que o  modelo que de vestibular que o MEC quer adotar absorva todas as experiências positivas e acumuladas ao longo de anos na realização do vestibular das universidades federais, que posso falar particularmente da UFRN, é algo muito respeitado junto à sociedade. Um aluno que for aprovado para a UFRN, ele nunca vai reclamar da qualidade do vestibular e da segurança do processo.
E o que o se espera desse novo modelo de vestibular?
O que nós estamos buscando no MEC é que se construa um modelo que de fato seja tão confiável e respeitável o quanto o que as universidades federais adota. E ai o que estamos discutindo agora são mais questões de ordem operacional, há muitas preocupações porque de fato o  vestibular em nível nacional é para as instituições mais concorridas do país e isso tem um interesse enorme por parte da sociedade, então são precisos muitos cuidados.
O que pode ter de novo nesse vestibular unificado?
Uma das coisas importantes da unificação é permitir que o  candidato faça o vestibular na sua cidade e opte por um curso  que está em um estado muito distante do seu, é uma vantagem importante, além de ter cinco opções diferentes de curso. O que está sendo pensado é adotar um  Exame Nacional do  Ensino Médio (Enem)  modificado, para se transformar de fato num processo seletivo das universidades federais como um todo. Do ponto de vista do  custo, acho que esse não vai ser o problema, porque o Enem é custeado pelo  MEC, agora o que nós estamos discutindo, existem duas formas que as instituições de ensino superior podem aderir - de forma integral, passa todo o processo de seleção para o MEC, que cuida de tudo, aplica o Enem modificado nacional e depois entrega às universidades a lista de candidatos selecionados. Essa é a chamada adesão integral. A outra é a adesão parcial, onde se usa o Enem na primeira fase do processo seletivo, inclusive essa é a posição que defendo para ser adotada na UFRN, vamos ter uma discussão e avaliar qual a melhor forma de nos incluirmos nesse processo, certamente adotaremos o Enem na primeira fase e a segunda fase, o aluno teria que fazer aqui na UFRN, porque nós temos uma parte no nosso vestibular, que na nossa leitura o Enem  modificado não absorve, que são as provas dissertativas, o Enem vai ter uma dissertação, de Português, mas não tem para outras disciplinas específicas.
A UFRN deve aderir ao novo modelo imediatamente, já para o  próximo ano?
Nós temos dois caminhos, aderir integralmente, ou faremos uma adesão parcial. Qualquer que seja essa discussão, ela só vai acontecer para a UFRN para o vestibular do ano seguinte, mas não para o próximo vestibular, em 2010.  Esse é o nosso  entendimento e não  vejo condições em cima do cronograma que se tem, da UFRN aderir para esse ano, porque isso  depende de cada instituição, tem universidade que não realiza o seu vestibular, ela contrata, por exemplo, no passado a UFRN, contratava a Fundação Carlos Chagas, tem algumas instituições que ainda fazem isto, as que não realizam o seu vestibular é muito tranquilo para aderir, as universidades que também começaram recentemente, o processo de adesão é muito mais simples, mas a Universidade como a nossa, que tem uma grande tradição, é tanto que quando se discute mudanças de grande envergadura para o vestibular, se discute num ano para aplicar no ano seguinte, porque quando se termina um vestibular, já começamos a trabalhar o seguinte, como já estamos trabalhando nesse momento o próximo vestibular, é uma logística muito grande e por isso é que ele tem toda segurança e qualidade. Então, o que vamos discutir é nossa adesão,  mas na perspectiva de 2011, porque mesmo no nosso vestibular quando adotamos o argumento de inclusão e passamos adotar as provas dissertativas, fizemos essa discussão um ano antes, porque as pessoas estão se preparando e já tem uma referência para isso, então não dá para mudar o jogo.
Quais vantagens a unificação do  vestibular pode trazer para o ensino médio?
De fato unificar o vestibular tem alguns ganhos importantes, com a entrada das universidades federais se passa a ter no Enem um sistema de avaliação do ensino médio, o que vai sinalizar para as escolas, secretarias estaduais de educação legitimidade a esse processo de avaliação e, com isso, produzir informações extremamente importantes para estabelecer políticas públicas para o ensino médio por um lado. Por outro, o Enem modificado vai trabalhar e sinalizar com os conteúdos que devem  ser cobrados do  ensino médio de maneira uniforme, no Brasil todo. Então, vai dar uma certa unidade aos conteúdos ministrados no ensino médio. O Brasil tem hoje o mais importante sistema de pós-graduação dos países em desenvolvimento – mestrado e graduação. Qual é o sucesso? A estrutura de pós-graduação no Brasil foi construída no espaço de 30 anos, então veja que contradição, temos o maior sistema de pós-graduação, mas temos o pior ensino básico e fundamental e os maiores índices de analfabetismo. Mas qual o motivo para isso, é que desde o início ele tinha um bom processo de avaliação, respeitado no mundo todo, que garante a qualidade do processo, não se vê curso de mestrado e doutorado surgindo em toda esquina, porque se aprovar esses cursos se exige tanto, que poucas instituições se candidatam, vejam a graduação aqui no nosso Estado? Quero dizer o seguinte, com o Enem passando a ser um bom exame, passa ser um processo de avaliação para o  e ensino médio e cada escola vai ter condição de conhecer o relatório, saber onde os seus alunos foram ruins ou bons e ai comparar as escolas e o  próprio estado criar um sistema de premiação e incentivar, a escola que conseguir melhorar, não para prejudicar, os seus professores  vão receber uma remuneração a mais, tem formas de fazer políticas públicas de educação.
Esse Enem unificado não pode prejudicar os alunos de escola privada ou de escolas públicas e vice-versa?
Não, o processo unificado está sendo pensado e não podia ser diferente, porque o atual governo tem uma forte preocupação com essa questão da inclusão, essa história da políticas de cota é uma proposta do  próprio governo, e o processo está sendo perfeitamente pensado de forma que acomode a todos, permite que mantenha todas essas coisas. Nós temos o argumento de inclusão, um exemplo nosso, que busca combinar condição sócio-econômica do aluno com o mérito, se esse aluno passa na primeira fase do vestibular, isso significa que ele tem  mérito, ele recebe no argumento final um bônus a mais, que vamos aumentar mais ainda no vestibular. Então, eu digo para o MEC que temos tantas vagas em tais cursos e os meus candidatos de curso tal, vai receber uma pontuação a mais, quando o MEC for fazer a seleção, já entra isso. E quem tem cotas, é mais fácil ainda porque já coloca um número de vagas para uma cota e a outra metade para o geral. Então não teremos maiores problemas de absorver políticas de inclusão.

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