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Entrevista em 19 de dezembro de 2011
Berenice Alves de Melo Bento é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), cursou mestrado e doutorado e pós-doutorado na Universidade de Brasília (UnB), além de do doutorado na Universidade de Barcelona.
Conhecida no meio acadêmico como Berenice Bento, a professora, que começou a lecionar na Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2009, ganhou na sexta-feira (9) o prêmio de Direitos Humanos concedido pelo Governo Federal.
Esta é a 17ª edição do prêmio que busca homenagear pessoas que se destacaram, de alguma forma, no combate às violações dos direitos humanos. A professora Berenice Bento foi contemplada na categoria Igualdade de Gêneros. Ela desenvolve projetos que tratam da discriminação sofrida pela classe GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais).
Ela, entretanto, não esteve presente em Brasília para receber o prêmio das mãos da presidenta Dilma Rousseff. A professora viajou para a Espanha para realizar uma nova pesquisa. \\\"A Espanha tem uma lei muito legal sobre identidade de genes. Eu quero ver o impacto dessa lei sobre as pessoas de lá\\\", disse.
Em seus trabalhos acadêmicos, Berenice levanta pontos sociais importantes sobre a igualdade de gênero.\\\"Uma pessoa pode ser transexual, mas o desejo dela é ser reconhecida como mulher. É ela ser reconhecida socialmente como ela se vê, como mulher\\\", destaca. Transexuais, que por sinal, Berenice entende como a população mais excluída socialmente, \\\"na questão da humanidade\\\". \\\"As pessoas que as matam nunca vão pro banco de réus não tem mercado de trabalho, educação.\\\", conclui.
A professora entende ainda que ainda existem discussões muito interessantes a serem desvendadas na questão do gênero. Se, exemplo, o transexual, como afirmado anteriormente por Berenice, se vê como mulher, ela deveria ter acesso aos mesmos direitos. \\\"A lei Maria da Penha é uma lei para em defesa das mulheres. No entanto, quando você reconhece que o travesti é uma mulher, ela pode ser respaldada pela lei\\\", comenta. \\\"A concepção de gênero que você tem: ser homem ou ser mulher, tem desdobramentos práticos muito claros\\\", define.
Outros projetos estão sendo desenvolvidos por Berenice Bento dentro da UFRN. Atualmente, ela está concluindo o relatório sobre o \\\"Caso Genildo\\\", ocorrido em 1997. Genildo matou 14 pessoas em Santo Antônio do Potengi, no município de São Gonçalo do Amarante com apenas um objetivo: desmentir o boato de que seria homossexual. A chacina aconteceu num período de 12h. Logo em seguida, Genildo Ferreira França cometeu suicídio.
Por produzir durante tanto tempo em defesa da classe LGBT, Berenice Bento possui em seu currículo incontáveis artigos publicados sobre o tema. Além disso, já escreveu quatro livros e tem participações em capítulos de outros diversos.