Odontologia Social

Odontologia Social

Entrevista em 21 de outubro de 2007

Angelo Giuseppe Roncalli da Costa Oliveira se formou odontólogo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Fez mestrado em Odontologia Preventiva e Social, também pela UFRN, e ao terminar em 1994 entrou para o corpo docente da universidade. Interessado pelas políticas públicas de saúde, Roncalli abordou esse tema em seu doutorado na UNESP. Ao terminá-lo em 2001, voltou para a UFRN, onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Odontologia Preventiva e Social (PGOPS). Em 2003, Angelo Roncalli atuou como consultor do Ministério da Saúde (MS). Seus estudos sobre políticas públicas de saúde serviram de subsídio para o atual Programa de Saúde da Família (PSF). Recentemente, em parceria com o MS e o CNPq, o PGOPS analisou o impacto do PSF nos indicadores de saúde bucal em 26 municípios do Nordeste com mais de 100 mil habitantes. Segundo Roncalli, os resultados obtidos surpreenderam os pesquisadores: “Esperávamos encontrar um maior número de queixas de problemas bucais onde o PSF não atua, mas a pesquisa mostrou que, por enquanto, não há diferenças”, explica Roncalli. Apesar do resultado da pesquisa não ter sido o esperado, ele acredita que o governo acertou ao incluir dentistas no PSF. “Não podemos tratar a saúde bucal separada do restante do corpo”, comenta. Como professor da graduação, Roncalli tenta passar para seus alunos a importância do trabalho na saúde pública. Não apenas pela estabilidade empregatícia, mas pela busca de um melhor atendimento para quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS). “Há dez anos o trabalho no serviço público era visto como a última escolha por aqueles que se formavam. Hoje, com o mercado de clínicas particulares cheio, os alunos têm de se adequar a essa realidade. E não basta ser um ótimo clínico, é necessário ter um atendimento humanizado. É desse profissional que o país precisa”. Parte desse trabalho de conhecimento do serviço público é feito dentro dos centros de atendimento odontológico ligados ao SUS. Os alunos acompanham profissionais, conhecem suas rotinas, e com isso não se sentem perdidos quando se formam. Outra atividade que visa desenvolver o lado humanístico dos futuros dentistas é feita em escolas públicas. Uma vez por semestre os alunos escolhem um colégio para aplicar atividades relativas à saúde bucal. Há também o trabalho de atendimento à população feito no próprio Departamento de Odontologia, da UFRN, onde o paciente recebe todo o acompanhamento necessário para seu tratamento. Roncalli lembra que até dentistas experientes e lotados no serviço público, passaram por um curso de especialização em saúde coletiva esse ano na UFRN. “Foram 30 profissionais do interior do estado que estão mais capacitados para atender a população. E isso contagia quem trabalha ao redor deles”


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