PROIFES-Federação participa de audiência pública no Senado em defesa do PIBID

Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 09h08min

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O PROIFES-Federação, representado pela professora Raquel Nery (APUB-Sindicato), participou na manhã desta quinta-feira, 7, de Audiência Pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, na mesa “Políticas Públicas para Formação de Professores”.

Na audiência, presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), Raquel e os demais presentes defenderam fortemente o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), que sofre ameaças de cortes orçamentários que inviabilizariam sua existência.

Em sua fala (veja  a íntegra abaixo), Raquel destacou o caráter plural do PIBID: “o PIBID conjuga o verbo ser no plural: é ‘somos’, universidade, professores da educação básica, licenciandos e o povo, principalmente o povo, este que tem na escola pública, mesmo precária e lacunar, os meios que favorecem e promovem o seu desenvolvimento como pessoa e a via de formação para a cidadania. O Pibid é, portanto, na atual conjuntura de retrocessos e ameaças aos avanços conquistados na última década e meia, um dos principais exemplos de ativismo político e mobilização popular.”

Raquel também destacou que a força do programa reside especialmente nas e nos estudantes de graduação, mas alertou que em uma conjuntura marcada pelos impactos da Emenda Constitucional 95, “que congelou os gastos públicos no Brasil, e pelos ataques ao conjunto dos trabalhadores, representados pela reforma trabalhista e pela ampliação do alcance da terceirização”, estes estudantes “passam a ser vistos como mão de obra precariamente remunerada, que poderia suplementar carências da Educação Básica”.

A representante do PROIFES dividiu a mesa com Elenita Manchope, pró-reitora de graudação da Universidade Estadual do Oesto do Paraná, com Wesley Nogueira Gomes, representante dos bolsistas do PIBID, e com a professora Alessandra Assis. A mesa não contou com representantes do Ministério da Educação, fato destacado pelo senador Paulo Paim, ao levantar uma cadeira vazia, simbolizando a ausência do ministério no debate.

No auditório lotado estiveram também presentes o vice-presidente do PROIFES-Federação, Flávio Silva (ADUFG-Sindicato) e o diretor de relações internacionais Gil Vicente (ADUFSCar-Sindicato), além de representantes de diferentes movimentos sociais ligados à educação, docência e ensino superior, estudantes de gradução, bolsistas do PIBID e lideranças de movimentos estudantis.

ÍNTEGRA DA FALA DO PROIFES NA AUDIÊNCIA PÚBLICA NO SENADO FEDERAL:

Saudações à mesa, ao FORPIBID, ao parlamentar proponente, aos presentes, às caravanas de vários lugares do Brasil, especialmente a da Bahia.

O PIBID é o programa através do qual as licenciaturas, no contexto da Universidade pública, que é onde estão as melhores licenciaturas do país, desbravaram um caminho em que se instituiu uma relação horizontalizada e de benefícios recíprocos entre os cursos de formação docente e a Educação Básica, esta, a razão porque as licenciaturas existem. Esse arranjo interinstitucional foi capaz de, a um só tempo, harmonizar ações de ensino, pesquisa e extensão, consolidando-se como uma experiência na qual apropriadamente se pode referir à noção de inovação, isto é, a invenção de um método de trabalho sem praticamente nenhuma semelhança com padrões já conhecidos, está, mais uma vez, sob ameaça.

A despeito disso, e dos ótimos indicadores obtidos em processos internos e externos de avalição, mais de uma vez o PIBID correu o risco de ser descaracterizado em sua metodologia e, principalmente, em seus objetivos, dentre os quais destaco a qualificação e a valorização docente em seu nascedouro, a saber, a formação inicial, ainda muito ancorada em uma tradição acadêmica endógena, teoricista e bacharelesca.

Ironicamente, as tentativas de descaracterização do programa decorrem exatamente de seus bons resultados, os quais, em vez de lhes fortalecer os processos e dar respaldo ao aprofundamento de seus achados, capturam o programa em tentativas de desvio do curso de sua força, a força que está principalmente nas e nos estudantes de graduação, que passam a ser vistos como mão de obra precariamente remunerada, que poderia suplementar carências da Educação Básica, em uma conjuntura marcada pelos impactos da Emenda Constitucional 95, que congelou os gastos públicos no Brasil, e pelos ataques ao conjunto dos trabalhadores, representados pela reforma trabalhista e pela ampliação do alcance da terceirização.

O acúmulo do programa em termos conceituais e metodológicos, as evidências da potência de sua formação são perceptíveis ainda nos cursos de graduação, por exemplo, no desempenho dos seus bolsistas nos estágios curriculares, a expectativa dos indicadores resultantes do acompanhamento dos egressos, em perspectiva longitudinal e a médio e longo prazo e as contribuições desse acúmulo para os currículos das licenciaturas não pode ser desconsiderado. O pibid e sua fortuna acumulada são patrimônio do povo brasileiro e deve se instituir como politica de Estado, em vez de servir a investidas autocráticas e oportunistas de gestores que não foram referendados pelo povo, mas, em disso, trabalham contra ele.

Por outro lado, é de seu enraizamento na vasta e multirreferenciada  realidade das escolas públicas brasileiras que o Pibid tem resistido e permanecido, e na capilaridade de seu alcance como política pública reside sua principal forma de resistência. O PIBID conjuga o verbo ser no plural: é “somos”, universidade, professores da educação básica, licenciandos e o povo, principalmente o povo,  este que tem na escola pública, mesmo precária e lacunar, os meios que favorecem e promovem o seu desenvolvimento como pessoa e a via de formação para a cidadania. O Pibid é, portanto, na atual conjuntura de retrocessos e ameaças aos avanços conquistados na última década e meia, um dos principais exemplos de ativismo político e mobilização popular. Portanto, como representante do movimento docente de universidades federais e institutos federais, expressamos nosso apoio à luta do PIBID contra a sua descaracterização e pela sua permanência e expansão. Fica PIBID! Somos todos PIBID!

Fonte: PROIFES-Federação

ADURN Sindicato
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