Harvard recria o seu MBA

Publicado em 29 de novembro de 2011 às 09h52min

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Em janeiro, cerca de 900 estudantes inauguram a fase mais vistosa de um novo capítulo na história da Escola de Negócios de Harvard, templo do ensino de administração. Divididos em 150 equipes, eles permanecerão pelo menos dez dias em empresas de 14 cidades, a maioria delas em países emergentes. A premissa é dar experiência prática (e acima de tudo internacional) aos futuros líderes de negócios. São Paulo terá participação especial no projeto. Receberá 96 alunos, que analisarão como são feitos negócios em 12 empresas.
Pode parecer apenas outro programa de MBA internacional. Em se tratando de Harvard, é uma guinada histórica, a maior desde que a escola criou sua principal grife, o modelo de estudos de caso. Boa parte das grandes escolas de negócios do mundo imitou o modelo, que tinha um quê de revolucionário. A proposta de ensinar conceitos de administração analisando casos concretos de empresas ou de situações de mercado deu protagonismo aos alunos – isso em 1918, dez anos depois da criação da Harvard Business School (HBS).
Agora, Harvard propõe o field method, ou método de campo. Para isso, montou uma operação de logística que começou pela seleção de empresas em quatro continentes.
O Field Project tem três módulos. O primeiro começou em setembro, quando os novatos da turma do MBA 2012 foram divididos em equipes globais (o grupo tem alunos de 73 nacionalidades) e começaram a analisar dados dos países e empresas que visitarão.
“As companhias indicaram projetos nos quais estão interessadas, que envolvem algum tipo de inovação, em produto ou processo, e precisam ser destinados ao mercado consumidor”, diz Gustavo Herrero, que dirige em Buenos Aires um dos seis centros internacionais de pesquisa da HBS. “Queremos que eles tenham uma imersão verdadeira, entrem em contato com consumidores, tenham um feeling pelo elemento humano do negócio.”
Para isso, a escola selecionou uma mistura de companhias locais, regionais e multinacionais. Definiu como base do programa 12 cidades no exterior: San José (Costa Rica), Buenos Aires, São Paulo, Istambul, Varsóvia, as indianas Mumbai e Chennai, as chinesas Xangai e Chongqing, Ho Chi Min (Vietnã), Acra (Gana) e Cidade do Cabo. As americanas Boston, onde está o câmpus da HBS, e New Orleans serão usadas para alunos que, por motivos pessoais, não puderem deixar os Estados Unidos.
Depois que voltarem a Boston, os estudantes terão de apresentar modelos de negócio concretos. “A terceira parte do Field Project é fazê-los refletir sobre o que aprenderam nas viagens e de fato entregar um produto ou serviço verdadeiro”, diz Brian Kenny, responsável pelas áreas de Comunicação e Marketing da universidade. “Até criamos ‘bolsas’, nos quais estudantes vão investir nos projetos dos colegas.”
Por trás do field method está um franzino engenheiro que se tornou professor de administração, Nitin Nohria, e hoje encarna os desafios da HBS. Engenheiro de formação e pesquisador em administração, destacou-se pela defesa da ética nos negócios, ponto central do debate que se seguiu à crise financeira de 2008 – ano em que assumiu o cargo. Além disso, o homem que se propõe a acelerar a internacionalização de Harvard nasceu na Índia.

Estadão

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