Lula: ‘Não há perdão para quem atenta contra a democracia’

Publicado em 09 de janeiro de 2024 às 10h21min

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (8) que “não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu país e contra seu próprio povo”. Em discurso de encerramento do evento “Democracia Inabalada” no Congresso Nacional, que reuniu os chefes dos Três Poderes e representantes da classe política, Lula afirmou que todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe, em 8 de janeiro de 2023, serão exemplarmente punidos. Para o presidente, o perdão “soaria como impunidade”. E a impunidade, como “salvo-conduto” para novos atos terroristas no país.

“Salvamos a democracia. Mas a democracia nunca está pronta. Precisa ser construída e cuidada, todo santo dia. A democracia é imperfeita, porque somos humanos e, portanto, imperfeitos. Mas temos, todos e todas, o dever de unir esforços para aperfeiçoa-la todo santo dia”, afirmou. 

Se a tentativa de golpe fosse bem-sucedida, disse Lula, muito mais do que vidraças, móveis, obras de arte, objetos históricos teriam sido roubados e destruídos. “A vontade soberana do povo brasileiro, expressa nas urnas, teria sido roubada, e a democracia teria sido destruída. A essa altura, o Brasil estaria mergulhado no caos econômico e social”.

Nesse sentido, disse que o combate à fome e às desigualdades “teriam voltado à estaca zero”. Além disso, o Brasil estaria “isolado do mundo”, e a Amazônia “em pouco tempo, reduzida às cinzas, para a boiada e o garimpo ilegal passarem”. 

“Adversários políticos e autoridades constituídas poderiam ser fuzilados ou enforcados em praça pública, a julgar por aquilo que o ex-presidente golpista pregou em campanha e seus seguidores tramaram nas redes sociais”, advertiu Lula.

“Não ao fascismo”

No início do discurso, Lula saudou a todos os brasileiros “que se colocaram acima das divergências para dizer um eloquente não ao fascismo”. Disse que a democracia é um exercício diário, que começa no interior das famílias, como forma de garantir a paz e uma vida tranquila. Porque é somente na democracia, segundo ele, que “as divergências podem coexistir em paz”.

Também fez uma saudação especial àqueles que, no dia 9 de janeiro, caminharam de braços dados do Planalto até à Suprema Corte, em sinal de união contra a ameaça golpista, em meio ao cenário de destruição deixado pela horda bolsonarista no dia anterior.

“Nunca uma caminhada tão curta teve tanto significado na história do nosso país. A coragem de parlamentares, governadores e governadoras, ministros e ministras da Suprema Corte, ministros e ministras de Estado, militares legalistas e, sobretudo, da maioria do povo brasileiro garantiu que nós estivéssemos aqui hoje, celebrando a vitória da democracia sobre o autoritarismo.

Lula em busca da “democracia plena”

A reação unitária dos poderes diante da ameaça golpista salvou a democracia, disse o presidente. “Mas a democracia nunca está pronta. A democracia é imperfeita, porque somos humanos e, portanto, imperfeitos. Mas temos, todos e todas, o dever de unir esforços para aperfeiçoá-la todo santo dia”.

Nesse sentido, Lula afirmou que a fome é inimiga da democracia. E disse que não haverá democracia plena no país, enquanto persistirem desigualdades de renda, raça, gênero, orientação sexual, ou no acesso à serviços essenciais.

“Uma criança sem acesso à educação não aprenderá jamais o significado da palavra democracia. Um pai ou uma mãe de família no semáforo, empunhando um cartaz escrito ‘me ajudem, pelo amor de Deus’, tampouco saberá o que é democracia. Aperfeiçoar a democracia é reconhecer que democracia para poucos não é bem uma democracia”. 

Ameaças à democracia

Lula afirmou ainda que não há democracia sem liberdade, “mas que ninguém confunda liberdade com permissão para atentar contra a democracia”. “Liberdade não é uma autorização para espalhar mentiras sobre as vacinas nas redes sociais, o que pode ter levado centenas de milhares de brasileiros e brasileiras à morte por conta da covid. Liberdade não é o direito de pregar a instalação de um regime autoritário e o assassinato de adversários”.

Assim, de acordo com o presidente, a desinformação e o discurso de ódio “foram os combustíveis” para a tentativa de um ano atrás. “Nossa democracia estará sob constante ameaça, enquanto não formos firmes na regulação das redes sociais”.

Sobre as suspeitas infundadas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas, estimulada por Bolsonaro, Lula citou a história do PT e a sua própria bibliografia para refutá-las. “A pergunta que eu faço é o seguinte: se houvesse possibilidade de falsificar as urnas, será que eu teria ido tantas vezes para o segundo turno e seria eleito tantas vezes presidente da República?”

Desse modo, desafiou aqueles que duvidam do sistema eleitoral a abrirem mão dos mandatos conquistados nas urnas. “Os três filhos dele (Bolsonaro), por que não renunciam em protesto a urna fraudulenta?”, provocou.

Fonte: Rede Brasil Atual  

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